Iaiá, cadê o jarro...?
Iaiá, cadê o jarro?
Lindo sucesso carnavalesco de muitas décadas que, creio, seja do Ataulpho Alves. Se não for, paciência, não há de perder a pertinência. Mas não é de jarro que pretendo falar, muito embora a Iaiá desta estória fosse uma flor. E não dessas comuns que vemos todos os dias.
Rara e delicada, antes de mais nada.
Iaiá chamava-se mesmo Lizaura. E não seria então de estranhar que tivesse irmãs denominadas América e Ofélia. E pode ser até que cantasse, feito um rouxinol, mas não peguei esse fase, se é que houve. Terá cantado canções de ninar pra sua Neném, como convém, mas não é tampouco - e por pouco - de meu tempo também.
O que alcancei, foi sua fase falante, que bem guardei. Era compassada e aveludada a sua voz, refletindo uma educação carinhosa e esmerada tivera naquelas antigas Gerais de que não se ouve mais. Arrematava suas frases, geralmente perguntas, com um "não sabe"? que nunca
mais ouvi doutra fonte.
Morava no São Geraldo, de BH, com Fredo, o marido, que provinha de uma numerosa prole onde era o caçula dos homens. Bonitão e folgazão, há de ter sido sua vera paixão. Era maquinista da Central do Brasil, admirador da cidade maravilhosa, de uma cachaça e do infalível rapé, que oferecia generosamente aos
visitantes, adultos e meninos. Tendo vindo do campo pra cidade, nunca deixou esmorecer o espírito, aprendendo com entusiasmo nas leituras e conversas o que não alcançara nos bancos escolivros. Era fã da geografia, dos conhecimentos gerais - e de um bom queijo, senão a gente não acaba mais.
E a casa deles era um brinco de limpeza e cuidados, o que não impedia a cachorrinha pequinesa de ali reinar com toda sua realeza e alguma brabeza. Espaço mais confinado era ao louro reservado, mas que é de que ele ficasse calado?
E aí, parecia sair aquela estridente sua voz salvadora: hora da macarronada pra cambada de visitantes, não sabe?