DONA MARIA SAROBA

“A cada ente querido e amigo que se vai, nos tornamos enfraquecidos, não por sermos pessoas fracas, mas por estarmos perdendo a raiz que nos prende à vida terrestre” Lmagari.

Justamente agora, tomei conhecimento do passamento de uma grande mulher, heroica mulher, em minha cidade dos Bezerros – Dona Maria Saroba. Bem próximo do seu primeiro centenário, bem próximo dos efusivos cantares em homenagem à veneranda senhora! Vem-me à memória aquela dona Maria forte, vestido de linho, engomado, bela mulher no alto de sua soberana idade para criar os filhos, e parir os dois últimos Dedé e Nandinho. Dona Maria, a mãe de Zezinha, Tereza e Lurdinha, a cúmplice dos sonhos e ais das meninas moças casadoiras; dona Maria que aturava os namorados e os amigos que se assenhoravam da sala de visita; dos papos imaturos, dos jovens em formação. Sinceramente, esta partida de dona Maria me emocionou profundamente justamente porque me dominam belas recordações na rua Vidal de Negreiros. Fomos felizes e não sabíamos. “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós” e ela partiu. Não choramos pela partida, choramos em gratidão porque fomos premiados com tão ilustre companhia. Dona Maria partiu feliz porque a morte não retirou os seus feitos, somente tirou a sua vida terrena e, como galardão, ela só levou tudo aquilo que tivera dado com muito amor. Com certeza, dona Maria morreu de amor, de tanto amar, de muito receber amor por parte dos filhos, dos netos e dos bisnetos. Há uns três anos idos, fui visita-la, com muita alegria ela nos acolheu, lúcida, recordou certos acontecimentos de minha vida em companhia das suas filhas, um são João no sítio de seus pais; citou os nomes dos meus irmãos, os vivos e os que faleceram até então. Como não amar semelhante criatura? Com muito orgulho, os olhos brilhantes, ela mostrava as fotografias dos netos, os netos vitoriosos nos estudos, nos trabalhos e nos demais desafios. A gloriosa Dona Maria e os seus descendentes! Saber do falecimento de tão singular personagem da nossa história bezerrense foi sem dúvida uma notícia triste e envio agora meus pêsames, para a família enlutada. Estou aqui em preces de gratidão pela honra em ter convivido com uma santa e implorando a Deus o dom da consolação à família. A exclusão é a morte da alma, o falecimento é a morte do corpo sendo que esta nossa homenageada jamais se sentiu excluída. Esta bela alma de Deus nos deixou por herança a sublime lição de que a regressão nos princípios morais do ser humano, é o falecimento em vida dos que vivem para não viver e dona Maria viveu sem regredir moralmente, em simplicidade viveu em plenitude e amor. Para mim, uma missa fúnebre não cabe neste momento de homenagem, Dona Maria merece uma Missa festiva, gloriosa e de gratidão ao Deus Pai por ter formado e firmado uma geração digna de louvor!

clira
Enviado por clira em 20/11/2017
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