Entre Dois Mundos (Homenagem Póstuma ao Poeta Odilon Barbosa de Souza)
Entre Dois Mundos
Odilon B. de Souza
Sempre me vem um fio de esperança
que pensa o estrago que ela faz em mim.
No dom divino de apagar lembranças,
envolvo, em sonhos, fatos mais ruins.
E seu desprezo se transmuda enfim,
naquele jeito terno da criança.
Digo-lhe: -Amor, lá do infinito vim!
e sua boca a minha boca alcança.
Porém, ao vê-la se enlaçando em outro,
nos lábios lindos, a florir o riso,
aqui por dentro, sinto tudo morto.
Mas, na quietude, as mágoas amenizo,
refaz-se o véu de sonhos quase rôto,
desfaz-se o inferno em doce paraíso.
Natal - maio de 1989