A António Nobre

Nobre Anto, peregrino errante

caminhaste sozinho entre multidões

bebendo lágrimas de dor constante

por sonhos queimados, cinzas de ilusões.

No sobrenome, Nobre

no coração bondade

nos olhos absortos

emersão de luzes

vai - vem de astros

numa etérea claridade

que ao altar da poesia nos conduzes!

Assim cantaste, cidades, aldeias

árvores, rios, aves, sois, luas cheias

e Moreira da Maia em singular beleza

num verso de linho fiado a nobreza.

Poentes do Leça, todo Portugal

mais Avé-Maria, Senhora das Dores

e Torre de David foi teu ideal

vibrando nela em todas as cores!

Criaram teus dedos, liras de candura

em místicas estrelas d'esperança

para teus amores...qual a mais pura

miss Ellen, Purinha ou Sestança?

Subiste à "virtual" Torre de Marfim

e nela viveste a dor na mocidade

visionaste Portugal noutro jardim

semeando flores de igualdade!

Pressentiste na alma a despedida.

Ó Anto! Só, não ficaste na solidão!

Unem-se a ti outras almas nesta vida

com lágrimas astrais no coração!

Meu menino de leite, meu portuense

o luar querias prender em tua mão!

Mas todo o Universo a Deus pertence

e prendeste-o, só, já no caixão.

Além da doença, a dor Espírito

mediúnico, simples, supremo...

predestinado à Luz do Infinito

a Antoastro

Só... poeta eterno.

quatro folhas
Enviado por quatro folhas em 21/08/2007
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