A TRISTE REALIDADE.
A triste realidade:
Já estou sendo obrigado a economizar energias, não há mais como gastá-la com coisas desnecessárias como eu fiz com o meu tempo...!
Tenho necessidade de equilibrar-me nas minhas pernas, mesmos sabendo que elas já não suportam mais o peso do meu corpo.
Vieram às dores, mesmo sem serem convidadas, elas vieram e parece que vieram pra ficar.
Já não pulsa em minhas veias o sangue com a mesma pressão de antes, as pernas sente falta dele e da sua oxigenação, sinto que não tem mais refrigeração... Elas Esquentam, formigam, coçam, e se ajudo neste processo de coçar começa a sangrar... Vira ferida, ferida que demoram a cicatrizar.. É a triste realidade da vida quando se chega à velhice... Ele, meu velho amigo sempre me disse que este dia iria chegar e que eu também iria ter vontade de no passado voltar..
Confesso que não queria nisso, pensar, mais é impossível não tem jeito é forte a dor no meu peito dar vontade de chorar.
Hoje, como todos os dias lembro - me da minha mocidade, de quando corria e não me cansava, lembro-me dos meus irmãos correndo junto comigo na areia branca daquele lugar, que se chamava Barra nova onde construímos uma barraca com palhas de coqueiros que a chamamos de nosso singelo lar, apesar de muito simples lá não havia espaço para a tristeza entrar..
Lembro-me do vento forte que soprava areia nos nossos olhos. E era bom.. A chuva nos alegrava, bebíamos água na palha dos coqueiros.. E na palha do gravatá..
Hoje não existe mais aquela areia branca, nem coqueiros nem existem gravatas.. É a triste realidade que não gosto de pensar. Hoje não tenho mais o amor de quem sempre me amou e sempre quis me amar. Não tenho mais seu abraço, não posso mais te abraçar..
Para mim você está vivo, vivo dentro de mim está..
Meu querido, meu velho meu amigo.
Meu pai.
Triste realidade.