A profundidade de um adeus: "Tchau vó".
Ontem, Sofia, minha filha de 8 anos perdeu sua avó, uma senhora de quase 85 anos, e que estava internada há 10 dias. Para ela, era tudo novo, era seu primeiro contato com a morte de uma pessoa tão próxima, pois a avó morava na mesma casa. Ontem ela estava brincando com Mariana, uma coleguinha da escola. A mãe de Mariana ficou de busca lá hoje, bem cedo, mas demorou um pouco. Como todos iam para o enterro, não ia ficar ninguém na casa, por isso fui com Sofia deixar a Mariana em casa. Quando voltamos o carro da funerária já estava na frente da casa esperando o corpo. Mesmo do lado de fora da casa, Sofia olhou para o caixão que ainda estava na sala e disse: "Tchau vó". Acho que uma frase nunca teve tanto poder sobre mim como essa que ouvi da minha filha. Tentei me manter forte, mas as lágrimas escorriam por baixo dos meus óculos escuros. Nunca escutei na vida algo tão simples e profundo como isso. Ainda perguntei se ela queria se despedir da avó, e ela me respondeu que o queria dizer já tinha feito em um pedaço de papel. Logo após isso, a deixei na casa do meu pai e fui para o sepultamento. Chegando lá, era gente de perto e de longe, gente que mesmo perto, parecia que estava longe, e todos juntos para logo se despedirem de novo. Mas a morte é assim, ela nos separa da vida, mas reaproxima as pessoas.