RETROSPECTO DE SAUDADES*

Ao saudoso amigo e poeta Arésio Eleutério Amaral Júnior

(*7 fev. 1981 / +16 set. 1999)

Ah! Juliana,

minha vida e meu sonho!

Eu comigo penso e repenso

sobre minha sina de poeta,

pois bem sei que tudo passa

neste triste Brasil.

Vivo num paradoxo sem destreza,

na constante melancolia

de uma noite intermitente

em que a vida passou a distância.

Responda-me, Brasil!

Pois sei que apoio não falta.

O outro lado da mídia

não é só contradição?

Onde está a educação brasileira,

o trabalho matuto, as virtudes,

o instinto e o dom de nossos jovens,

que vão se perdendo nas drogas?

Até o beija-flor

já não tem mais escolha,

pois sua notável diferença

já virou questão de vida.

Em meu instinto fúnebre

serei só um amigo à distância,

pois sei que muitos nomes

do meu tempo de infância

se perderam num efêmero versus ciclo

após minha partida,

vivendo de saudades e nostalgia.

Se eu fosse um espelho

de um céu sem estrelas,

quaisquer semelhanças

entre o poeta e a conquista

seria uma tristeza constante,

pois sonhei um sonho de poeta,

lutei contra um tempo inimigo.

e de batismo em batismo,

numa vida efêmera

pela ingratidão do destino,

tive que dizer um certo adeus

ao meu pai e minha mãe.

Adeus também aos meus irmãos,

aos amigos e ao padinho.

Não quero nome.

Não quero nada...

Nem que algum equívoco

venha a corromper

o poema da caneta do amigo Alexandre.

Só quero descansar em paz

onde a relva da primavera

seja meu abrigo eterno

e o epitáfio o retrospecto

de um adeus cheio de saudades.

(Este poema foi criado com os títulos extraídos de

poemas do livro Do nascer ao pôr do sol,

de Arésio Eleutério Amaral Júnior.)

Nova Serrana (MG), 22 de outubro de 2010.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 25/10/2017
Código do texto: T6153171
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