TRAGÉDIA
TRAGÉDIA
Vem do trabalho, o rosto macilento,
parece mais um rosto criminoso,
e vai marchando sempre a passo lento,
como quem segue um ponto duvidoso
Carrega o cenho. Um louco pensamento
Surge. Apalpa pressuroso
O cabo de um punhal... Pressentimento...
Não será ele ainda prezado esposo?
Na porta uma mulher vem recebe-lo
Ela mulher não cansa de quere-lo
E ele, coitado, chama-lhe de louca!
Fita a mulher num gesto de maldade.
Domina a esposa com brutalidade
E depois...e depois...beijou-lhe a boca!
VICENTE ARAUJO
Parnaíba 11/03/1931
Este é um outro poema do meu tio Vicente Fontenelle de Araujo. Ele morreu de tuberculose no final dos anos trinta do século XX. Não sei quanto tempo a doença perdurou, mas sei que ele gostava muito do ofício de escrever e ficaria feliz por estar de alguma maneira sendo lido. Este site de literatura foi perfeito.
Paulo Fontenelle de Araujo em 28/09/2017