ARIANO IN MEMORIAM.
Ouviram falar no agreste
De um menino ariano
Nascido no extremo Leste,
Do estado paraibano,
No ano de vinte e sete
Antes da seca e da peste
Logo após aqueles anos.
Piá delgado e franzino,
Tal qual uma suassuna
Aprendeu, quis o destino,
As estórias do boiuna,
Lampião e João Grilo,
E as misturou ao ensino
Que da escola oriunda.
De tão sapiente que foi,
E teimoso geminiano,
Da seca de trinta e dois,
Outra sorte recusando,
A desenhar o seu plano,
Este menino ariano.
Começou logo depois
Unificar as culturas,
- Erudita e popular-
E pô-las na mesma altura
Em que as vão desfrutar
O pelego e a cúria,
O vivente e a criatura,
Dividindo o mesmo altar.
Era unir grego e troiano,
Esteio da diplomacia,
O menino ariano,
Conduziu com maestria
A arte Memorialista
E na memória do artista
Construiu a teoria.
E para o mundo inteiro
Mostrou coisas do sertão
E tornou o brasileiro
Orgulhoso do seu chão,
Orgulhoso do agreste,
Do homem bom do Nordeste
E dos calos em suas mãos.
Você nos deixou, Ariano,
Mas do muito que nos trouxeste,
Relegou-nos neste plano,
Seus vários cabras da peste,
Em prosas cheias de Graça
Em que Grilo faz trapaça,
Nas terras deste Nordeste.