Ode ao alentejano
A que segue, chega-me fresca da pena de nossa confreira Margarida Barral, e é um monumento à esperteza, à sagacidade e ao pragmatismo da gente alentejana, tão querida de seus patrícios doutras regiões do velho Portugal. E homenagem devida, por fim rendida:
O alentejano mais pobre da aldeia
O alentejano mais pobre da aldeia só tinha uma bicicleta, mas um dia aparece no Café Central com um descapotável. Admirados, perguntam os conterrâneos:
" Atão cumpadri, onde arranjou esse carrinho? "
" Nã calculam! Na estrada vi uma moça, por acaso bem jeitosa, a chorar , e perguntê : O que é que se passa? ".
Atão ela disse-me : " Veja lá, um carrinho tão novo e já avariado! " .
Atão, abri o motor, liguê dois fios e pronto! O carro estava arranjado.
Atão ela puxou-me para trás dum chaparro, despiu-se toda e disse-me : " Pra pagar o trabalho que o senhor teve, faça o que quiser! " .
" E eu fiz o que quis . Meti-me no carro e abalê com ele. "
Em coro, respondem os outros:
" E fez vossemecê muito bem. De certeza que a roupa dela também nã lhe servia... "