BADALADAS DO PASSADO

Nesta cidadezinha longínqua

Calorosa por natureza,

Há um acontecimento importante...

O sino que bate na sua igreja.

Toda vez que o sino soa

A minha memória se ativa,

Lembranças da infância remota

Reportam-me à emoção de menina.

Seu timbre me lembra do odor

Das frutas cítricas da fazenda

Do gado gordo no pasto,

Da chuva de verão que o alimenta.

Casais enamorados na praça

Sonham com o anúncio oferecido,

Pelo sino que soará orgulhoso

Nos enlaces já prometidos!

Ao cair do entardecer...

Onde o pôr do sol o acaricia,

Soa o sino às seis da tarde

Ao som da bela “Ave Maria”.

O velho sino incansável

Já no início da alvorada,

Aos domingos chama à missa

Que nos abençoa cheia de Graças!

E se nasce uma criança

Para as bênçãos receber

Bate o sino, o sino bate!

Cumpre sempre o seu dever.

Mas o sino também chora

O lamento de um adeus!

Soa triste à cidadezinha

Se um grande amigo morreu.

Ao esquecer meu relógio

Ou se o tempo de mim se perdeu...

Horas cheias, meias-horas

Soarão aos ouvidos meus!

Desta forma ele me avisa

Do quanto o tempo passou

De que sua santa paciência ...

Foi só o que perdurou.

Uchoa, 05-02-2001