João Gomes Mariante: o patriarca da cultura
A razão precípua desta homenagem é a de laurear o prócer que contribuiu imensamente com a cultura do município de Vale Verde.
Falando em nome do povo valeverdense, não temo de deixar de expressar meu pensamento, pois o município, nesta hora, sem distinção de cor político-partidária e por intermédio de seus legítimos representantes, ergue o coração em sincera homenagem ao senhor João Gomes Mariante, progenitor de um legado cultural imensurável e providencial.
A cultura de um povo é uma lenta e meticulosa síntese de usos e costumes, que se defronta com duas opções, apenas: ou se enriquece, ou sucumbe.
Parece-me, no entanto, que a de nossa cidade está simplesmente latente, ou seja, pode manifestar-se a qualquer momento; basta um estímulo.
Porque, sem esse incentivo nada poderemos realizar, somos uma resultante da vontade popular e agimos em função do bem estar do povo.
E mais do que nunca, Dr. João Gomes Mariante instigou a todos nós cultivarmos a chama do conhecimento e da cultura.
Que a cultura seja a sublime materialização do nosso brado de despertar ao povo!
O cosmopolitismo de João Mariante chama atenção.
Nascido em Porto Alegre, em 1918, publicou cerca de 40 artigos científicos e 200 conferências no Brasil e no exterior.
É autor de Três livros.
Os 3 Ases de 30, publicado em 2007 , Três no divã, publicado em 2010 pela JÁ Editores e, o mais recente, O lado oculto do presidente Getúlio Vargas editado pela SFERA Editora de artes, e ainda está quase pronto o livro Como cheguei aos 100 anos.
Aborda um estudo psicanalítico inédito na bibliografia nacional, uma obra literária e filosófica que aborda três próceres da década de 1930: Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha e Flores da Cunha, que na verdade é uma edição revisada de seu primeiro livro citado acima.
Conforme ele disse está preparando outro.
Foi professor titular de cursos para graduados na Argentina, onde viveu muitos anos.
Morou no Rio de Janeiro, então capital da República, onde atuou como jornalista e formou-se na Faculdade Fluminense de Medicina, em 1946.
É um profundo conhecedor do ser humano, na psicanálise especializou-se em profilaxia do suicídio.
Admiro neste psicanalista o intelectualismo adquirido ao longo de seus quase 100 anos!
Quantas leituras?
Quantas viagens?
Quantas amizades?
Sua dedicação aos estudos, em especial à psicanálise; a escrita sempre urdida na elegância que a profissão o brindou.
O leitor atento perceberá que, na leitura de seus livros, seus parágrafos não são curtos, pois é aí que sua estética literária revela-se: as situacionalidades com que descreve os “psicanalizandos” de forma a prender o leitor culto da primeira a última página.
Coerente com o aspecto científico em todo seu intelecto, de um raciocínio excêntrico, culto, perspicaz, portentoso de extrema vocação à Medicina, Mariante afigura-se como um cientista da conduta humana.
Loa a João Gomes Mariante
Circunspecto, exigente como todo intelectual.
Este senhor de espírito austero e jovial
Foi para cultura um homem imortal!
Sagaz, constituiu um riquíssimo cabedal
Energia e saúde moral! És o erário!
Concedo-lhe o mérito nacional!
Do seu amigo crítico literário.
Josinei Ricardo de Azeredo