O Bar de Brito

O BAR DO BRITO.

No seio de uma linda família, aonde encontravam-se amigos e velhos conhecidos, não era raro as presenças de ilustres cidadãos campinenses como também de outras localidades, inclusive internacionais. Costumeiramente recebidos pelo “chefe da casa”, que, invariavelmente os acolhia de portas e braços abertos. Não se recebia naquele ambiente pessoas estranhas, exceto fosse levado por alguém do convívio interno.

Em uma agradável prosa, conversava-se de tudo: música, que, aliás, era um ponto forte e um tema sempre presente; Cinema: que poderíamos falar com críticos, diretores, cinéfilos ou apenas meros espectadores; Teatro: que não faltavam atores ou autores naquele ambiente; Literatura: com escritores, leitores interessados em ampliar ou diversificar seus conhecimentos no assunto; Poetas e repentistas declamando seus versos e cordéis; E pessoas comuns, mas, não menos importantes com assuntos pertinentes e inteligentes, que às vezes eram atuais e outras saudosistas.

Eram frequentes as rodas de samba ou chorinho com músicos da mais alta estirpe, outros nem tanto, cantores anônimos que divertiam os frequentadores daquela confraria e pessoas que meramente cantavam para os males espantar. Sarais poéticos e lançamentos de livros reuniam intelectuais, cientistas, professores, políticos e arrebatados por cultura; Improvisações cênicas, anedotas e contos também convergiam para pulverizar uma atmosfera artística.

Serviam-nos deliciosos pratos com aquele tempero que lembrava a casa da mamãe ou da vovó, sempre novinho e feito com amor. Como não poderia deixar de ser, o dono sempre sentava à mesa dos clientes e amigos para enriquecer o papo e alegrar o pessoal. Durante muito tempo, um fato peculiar acontecia: Como uma evidencia da intimidade, seus frequentadores usavam o banheiro da própria casa, evitando fazer sujeira e com o maior decoro para retribuir a confiança e o respeito presta pela família Brito.

Nem só de pão vivi o homem. Também se contavam mentiras e pabulagens, exageros e riquezas, piadas e zoeiras, mas, claro, tudo de maneira leve e descontraída, sem maldade, pois o importante naquelas mesas era o prazer de confabular seja sobre o que for: de especulações políticas a previsão do tempo, de Chico Buarque a João Gonçalves.

Assim era o BAR DO BRITO: atraia com suas particularidades pessoas de perto e de longe, brancos, pardos negros e albinos, sem descriminação de credo raça, cor ou orientação sexual, sem distinção de classe social ou patente adquirida, sem exploração ou desmandos de amigo Brito. Famílias inteiras frequentavam aquele reduto, aonde a alegria, a boa musica e um diálogo acolhedor encharcava a esponja erudita, que lavava e polia a alma de quem teve o prazer de frequentar o caldeirão cultural mais eclético da paróquia.

Foi, é e sempre será um marco na boemia de Campina Grande, nas rodas de samba nos sonhos dos menestréis e, tenho certeza, na memória e no álbum de família do professor. Fica aqui nossa saudade e a dica de um dia reviver e reencontrar pessoas, que de certa forma trocaram ideias, experiências, cervejas, olhares e tudo mais que podíamos desfrutar em companhia de amigos e conhecidos no velho BAR DO BRITO. Maerson Meira. 28/06/2017.

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 28/06/2017
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