Você é feliz no seu trabalho?
Passar por diversas empresas, ter as mais diferentes experiências profissionais é o que é mais viável e recomendável dos últimos tempos, e, claro levando-se em consideração o atual momento de crise que estamos passando. Desta forma pulando de galho muitos vão adquirindo qualificação, experiência. Quando não atingem o objetivo desejado, partem para outra, vão à luta! São felizes! Há ainda aqueles que fazem opção de ficar o mínimo de tempo empregado, usa o emprego como trampolim para alçar novos vôos; coerente e salutar também. São felizes!
Há aqueles que mesmo sabendo que permanecer não é a melhor opção, que não lhes satisfaz, insistem, pois o salário é razoável, condizente com o mercado e dá para pagar as contas. Além do que os mantém no status de empregados, ocupados. Claro tudo isso traz dissabores, os faz conviver com colegas que não estão à altura de sua qualificação, o clima não é legal, seus colegas estão abaixo de seu nível intelectual e social, etc... Mesmo sendo e sentindo-se como um animal fora do habitat, vão se mantendo aos trancos e barrancos no posto, ocupando o lugar, às vezes adquirindo uma doença, uma moléstia funcional. Coragem de agir, de tomar uma decisão e partir para outra, não tem, não o faz, por comodismo, medo de enfrentar o desconhecido, o inseguro; mesmo estando preparados técnica e intelectualmente. Estão na zona de conforto, são aqueles “vamos levando a vida até onde dar”. São felizes?
Mas há também aqueles que permanecem por anos a fio na mesma empresa, e, continuam até a aposentadoria. Quando se alinha os valores, a missão, objetivos, filosofia da empresa e do colaborador a parceria vai longe.
Vou relatar a historia de um colega, ou melhor, do amigo Jose Carlos Antão. Este amigo é um desses camaradas que encontramos pela vida, que de imediato não chama a atenção, mas que, com o passar do tempo, vai te conquistando, com sua simplicidade, humildade, companheirismo, dedicação, sua constância no trabalho e afeição pelo posto que ocupa. Sem duvida uma das pessoas mais educadas e cultas que conheci nos últimos anos e que aprendi a admirar. O Antão entrou na empresa em primeiro de junho de 1981 e permanece até hoje, ou melhor, esta saindo hoje requerendo sua merecida aposentadoria. Não pensa você que o amigo ficou na empresa por trinta e seis anos por comodismo, ou criou sua zona de conforto. Não. O Antão exerce outra função paralela e o faz com muito gosto e realização, ele é radialista, comentarista esportivo, poderia ter se dado bem como radialista. Começou faculdade de filosofia, mas por problema familiar teve que desistir, perdemos um grande filósofo, mas ganhamos um grande carteiro e posteriormente um dos melhores OTTs do Brasil. Em 2014 ele foi eleito o OTT nota 10 do Paraná e no mesmo ano OTT nota 10 do país. Sofreu um AVC, um câncer, enfrentou com dignidade, bravura e venceu. Nunca o vi reclamando, chorando pelos cantos. O Antão constituiu família um pouco mais tarde do que os demais e adotou três filhos que são seu tesouro.
O endomarketing da empresa é muito forte você dirá. Talvez você esteja certo, mas eu perguntei ao amigo o que o fez permanecer na empresa por tantos anos, e ele simplesmente me disse “O meu grande sonho na vida, meu fascínio, era ser carteiro e eu realizei este grande sonho, e, serei ecetista até morrer “. Você tem duvida de que o Antão é um trabalhador realizado é e foi feliz no trabalho ao longo de todos esses trinta e seis anos, sendo carteiro ou OTT?