Homenagem aos Pais

Retrospectiva

Hoje é um ótimo dia para fazer uma pequena reflexão sobre essa figura paterna que tanto auxiliou em minha jornada.

Quando ainda bebê e punha-me a chorar as vezes não era aquela voz doce que vinha me acalentar, era uma voz grave, desajeitada, umas mãos fortes calejadas, que ao me segurar passava muita segurança, então eu parava de chorar e ficava deixando-me acalentar e escutando aquela música que a algum tempo tinha esquecido. Qual era mesmo?? Há lembrei.

Ô coisinha tão bonitinha do pai

Ô coisinha tão bonitinha do pai

Você vale ouro

Todo meu tesouro

Tão formosa da cabeça aos pés

Vou lhe amando

Lhe adorando

Digo mais uma vez

Agradeço a Deus porque lhe fez

(Bete Carvalho)

Fui crescendo sempre observando-o e querendo imitar essa figura, aprendi várias coisas. Primeiro a falar, e aí soube uma palavra que definia muito bem essa figura.

Engraçado, uma palavra tão pequena definindo uma pessoa com tamanha importância; quando descobri não pensei, apenas pronunciei “Pai”.

Veio então a primeira bola, primeira bicicleta, primeiro dia de aula, primeira briga, descobri então com essa figura que tudo tinha uma primeira vez. Sempre auxiliando e me protegendo como se eu fosse uma jóia, algo muito valioso.

Para essa época tem uma música que se encaixa muito bem.

Meu filho Deus que lhe proteja e onde quer esteja rezo por você.

Eu adoro ver você sorrindo seu sorriso faz de tudo eu esquecer.

(Paulo Sérgio)

Como o tempo não pára, continuei crescendo, veio então a primeira namorada, a primeira espinha, a primeira noitada, o primeiro porre. E nesta época parecia que todo meu mundo estava em conflito, inclusive com meu velho.

Já não o escutava como antes, queria mostrar que podia fazer sozinho, queria que não somente ele, mas que o mundo me escutasse, queria viver tudo em um só momento, agora sei que nessa época eu é que tinha uma palavra para definir-me aborrecente. Há nesta época a música que mais definia esse momento, como não poderia ser outra.

Você me diz que seus pais não lhe entendem.

Mas você não entende seus pais.

Você culpa seus pais por tudo

Isso é absurdo

São crianças como você

O que você vai ser

Quando você crescer?

(Legião Urbana)

Mas como toda fase passa, esta também passou, veio a universidade, as viagens, o primeiro emprego, e outras novas emoções, veio com o tempo também o casamento.

E como não poderia faltar veio também a primeira noticia. “Você vai ser Pai”.

E um turbilhão de emoções veio dentro de mim; o riso e o pranto se misturando, felicidade, medo, alegria, como não poderia faltar veio também a ansiedade, não sei, parecia que aqueles nove meses não passavam.

Enfim chegou o grande dia. O nervosismo, a expectativa, e novamente o medo, mas como sempre ele estava lá ao meu lado dando boas vindas a terceira geração.

E hoje ele chora, a mãe não pode pegá-lo, me vejo diante dele com os olhinhos cheio de lágrimas, não sei o que fazer, e automaticamente me vejo com essa coisinha minúscula em meus braços, o que vou fazer? Não sei nenhuma musica de ninar! De repente meus lábios se movem e escuto o mesmo som que a muito escutei.

Ô coisinha tão bonitinha do pai

Você vale ouro

Todo meu tesouro

Tão formosa da cabeça aos pés

Vou lhe amando

Lhe adorando

Digo mais uma vez

Agradeço a Deus porque lhe fez

(Bete Carvalho)

Com ele em meus braços lembro de todos os momentos, fossem eles bons ou difíceis, mas sempre que eu precisasse lá estava ele, a figura paterna que tanto amo, e que me ensinou tudo que hoje sou, pronto para começar do zero e me auxiliar e só uma música define toda minha experiência.

Pai, pode ser que daqui a algum tempo

Haja tempo pra gente ser mais

Muito mais que dois grandes amigos, pai e filho talvez

Pai, pode ser que daí você sinta, qualquer coisa entre

esses vinte ou trinta

Longos anos em busca de paz....

Pai, pode crer, eu tô bem eu vou indo, tô tentando

vivendo e pedindo

Com loucura pra você renascer...

Pai, eu não faço questão de ser tudo, só não quero e

nao vou ficar mudo

Pra falar de amor pra você

Pai, senta aqui que o jantar tá na mesa, fala um pouco

tua voz tá tão presa

Nos ensine esse jogo da vida, onde a vida só paga pra ver

Pai, me perdoa essa insegurança, é que eu não sou mais

aquela criança

Que um dia morrendo de medo, nos teus braços você fez

segredo

Nos teus passos você foi mais eu

Pai, eu cresci e não houve outro jeito, quero só

reencostar no teu peito

Pra pedir pra você ir lá em casa e brincar de vovô com meu filho

No tapete da sala de estar

Pai, você foi meu herói meu bandido, hoje é mais muito

mais que um amigo

Nem você nem ninguém tá sozinho, você faz parte desse caminho

Que hoje eu sigo em paz

(Fábio Jr)

alê quirino
Enviado por alê quirino em 10/08/2007
Reeditado em 04/08/2011
Código do texto: T600800