Minha mãe Maria
Minha mãe era de poucas palavras.
Mas, era sempre certeira, quando falava algumas.
Observava e calava.
Depois...depois dizia e aí, dizia muito.
Minha mãe era de olhar certeiro, embora parecesse que nem visse.
Se via, ah! e como.
Dizia com o olhar. Calava com o olhar.
Às vezes também se fingia, pra depois...
ah! depois.
Minha mãe era antes de tudo mulher.
Vaidosa, mas, nunca, nunca mesmo, medrosa.
Mulher de criar seus filhos, seis filhos.
Mulher de amar meu pai e ser amada por ele.
Mulher que quase não chorava, com o olhar.
Mas, de guardar as dores das perdas no coração.
Parecia que não ouvia.
Era sagaz e de muita ousadia
Minha mãe era Maria.