NILSON ALBUQUERQUE

Sete dias de saudade.

Hoje deveria ser mais um dia triste; mas é um dia apenas de lembranças e saudades... Saudade de Nilson, que combateu o bom combate, escreveu a sua história, conheceu o fim da guerra e teve como recompensa final, o direito de não morrer mais.

- Ele está em paz !

No dizer do poeta, a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar. Hoje o nosso coração desperta para a saudade que se eterniza, e nos convida a debruçar no passado em busca de memórias perdidas...

- Saudade, a gente sente do que foi bom e de quem era bom.

Nilson foi um Lorde cavalheiro de hábitos simples, um sonhador que sonhava um mundo real. Um ser humano fantástico, que conseguia ver o sol onde existia a escuridão.

Homenageá-lo, mais uma vez, é mais que um dever. Faço-o com veneração e respeito às suas qualidades. Quem o conheceu sabe que ele era um pacifista por excelência; tinha pela família um desmedido amor e jamais embrulhou seus pontos discordantes com papel áspero, indiferente aos sentimentos alheios; embrulhava-os com papel suave, que revelava consideração e afeto à todos, indistintamente.

Além da saudade, Nilson deixa também como legado, um patrimônio moral a toda prova; viveu sempre estribado nos valores éticos, cônscio que a "vaidade" era uma péssima companheira na trajetória humana.

Amanhã, decerto sentiremos avolumar a sua falta; um sentimento diferente de saudade. A saudade bate no coração, estremece a alma e se transforma em lembrança. A falta, congela, nos entristece depois do luto e não tem prazo para acabar...

Na vida, a "saudade" é a certeza que um dia a pessoa vai voltar. Na morte, a "falta" é o querer ter de volta, mas sabe que não o terá. - A esperança morre.

Por isso, então, não há o que entender; apenas sentir: Os "Gomes" sentirão falta de tudo de bom que era do Nilson, e que hoje lhes faltam... Sentirão a falta da sua presença, dos seus conselhos, do seu apoio, do seu acolhimento e do seu entusiasmo.

Nilson foi o parente querido, e amigo de todos. - No Dizer de Epícuro, o filósofo da amizade, de todas as coisas que a sabedoria nos oferece para a felicidade da vida, a maior é a amizade. Quando se aceita um amigo, aceita-se um laço de alma para partilhar e se fazer presente na vida, até a morte.

Nilson também era meu bom amigo. Lembro-me de tudo que conversamos nos nossos encontros em São Paulo. Será por mim, sempre lembrado pela grande semelhança de pensamentos, ideias e sentimentos.

A sua vida nesse plano terrestre foi, sem dúvida, a personificação da felicidade como esposo, pai e avô. Na saudade, ele deixa o amor da sua querida Tereza, dos seus filhos e netos, genros e noras, irmãos, cunhados, parentes e amigos que alegraram o seu viver.

A dama da foice quando veio, não lhe pôde tirar senão a vida, pois seus valores perpetuarão. Ele não viveu para que a sua presença fosse notada, mas para que a sua falta seja sentida...

- Quem tem lembranças tem saudades...

Saudade é a eterna homenagem que presto ao amigo Nilson, que fez o caminho de volta para a Casa do Senhor e nos aguarda para o reencontro.

- Isso é tudo.

Manoel Lobo.

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 11/05/2017
Código do texto: T5996380
Classificação de conteúdo: seguro