CARTA À CAROL *
À escritora e poetisa, Mardielli Prata.
Meu coração de poeta, revivendo as lembranças, de um delírio de amor e aos farrapos, por uma falsa ilusão, vivia no encanto de uma desilusão e insanidade de um grito de dor. Minha ilusão se transformara em ira. As saudades trouxeram-me somente o lamento, o desencanto e as sensações do tormento da morte. Naquela noite de outono, senti perder minha liberdade. A lua, com toda sua tirania e numa falsa vontade, escondeu se nas trevas, deixando-me em um desatino de grande agonia. Senti-me como a um delinquente. Perdi minha inspiração, o raciocínio e toda a minha razão de ser. Maldito seja esse purgatório de solidão, onde vivo hoje, aos avessos, entre a química dos venenos e na desgraça de um grande vazio em que devo pagar a duras penas e sem alarde, toda essa minha triste trajetória de vida, dentro das madrugadas. Às vezes, eu fico assim, como numa retrospectiva de um filme, entre o sonho e a ilusão. A distancia, em meu silêncio, vou vivendo sem êxtase, na aventura de um mero engano, essa saga, com ar de moço bom e como amante da ilusão. Quantas esperas em vã, ali na esquina, que assim como numa rasteira, levaram-me a verdadeiros caos. Meus versos íntimos são tristes versos, não mais, que simples ode. Já não tem mais, as mesmas cantigas. Nem tampouco a melodia das antigas canções, ou se compara, a uma canção do entardecer. Já não têm mais a nota de uma sonata em serenatas. Já não falam mais da vitrine de teus olhos, aonde eu vinha expor-me à sua frente, como uma fotografia amarelada pelo tempo, ou até mesmo, como um simples desenho colorido pela aquarela da recordação e do desejo, misto de tantos enganos. Em vida, deixa-me fazer o meu ultimo pedido, antes do adeus. Quero, que, por favor, você entregue essa singela carta à Carol, quando eu me for. Ao chegar a seu endereço, diga lhe, que fiz do meu peito um sacrário, onde depositei todo o meu amor por ela. Que ela sempre foi minha musa poetisa, assim como, o meu amor por ela, será um sacramento, que levarei comigo, além túmulo. Pode ser que a cigana, por ironia, tenha cometido um engano, quando lendo a minha mão, disse-me que viveríamos um para o outro, de alma para alma, o que infelizmente, não aconteceu. Que pena!
*Esse texto, foi composto, usando todos os 96 títulos, já publicados até hoje, dia 11 de maio de 2017, pela escritora e poetisa, Mardielli, a quem muito admiro.
Estação do Cercado (MG), 11 de maio de 2017.