Minha alma erótica
Minha alma erótica extrapola os modelos de corpos transformados em objetos midiáticos sem alma. Exibo muitas curvas que carregam, cada uma, segredos e encantos...
Ela mora nas cicatrizes que ostento, dentro e fora da pele que me cobre, e que compõem o mosaico que de fato sou eu.
Minha alma erótica transcende a mesmice que se lê nas mensagens padronizadas que replicam pensamentos encerrados a correntes, em caixas mentais amareladas pela feiura dos preconceitos. Ela fala, olhando diretamente nos espelhos que traduzem os espantos de quem a encara.
Ela namora o tempo e marca em meu corpo cada afeto com que se deleita.
Faz-me vidente de outras almas nuas, as quais contemplo reverenciando as matizes com que desenham nas pedras e nas flores que formam os espectros que emanam.
Uma alma erótica se reconhece em outra, cuja aura baila em arco-íris de luz.
Podem tocar e trocar fragmentos de si. Interpenetram sentidos. Assim, passam a morar nas lembranças das intensas vivências que compartilharam.
Minha alma erótica alimenta-se de detalhes, sons, significados, sutis e suaves toques e selvagens e indômitos contatos...
Ela está em cada expressão do meu rosto, brincando de se esconder e se mostrar a atentos olhos sensíveis que por segundos, captam sua essência.
E se essa magia acontece...cada fagulha de vida, preciosamente compartilha.
Para Adélia Prado