Invocação à Dionísio

Dionísio,

tantas vezes

te chamo,

tantas vezes

não há luar

e o sal

cobre a terra,

tantas vezes

sem precisão

ou amor

ou lascívia

a noite

se infiltra

pegajosa

pelas persianas

vinho-tinto

da sala de estar,

esquadrinhando

os cantos

e frestas

e dobradiças

com tuas

apressadas mãos

sob a mobilia:

meu corpo

de barro,

entregue

ás tuas

carícias.

Dionísio,

tantas vezes

te chamo

por clamor

ou reverência

ou algo

igualmente

profundo,

tantas vezes

me sonho

gemendo

e ganindo

na luz

sobrenatural

dos teus ritos,

tantas vezes

tantas

e muitas mais

guardarei

por ti.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 06/02/2017
Reeditado em 06/02/2017
Código do texto: T5904715
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