A lição do termômetro

<<< Homenagem a Fanny Esteves >>>

Conta-se que um grande diretor de filmes italianos, Federico Fellini, em determinada fase de sua vida, debruçou-se sobre o cúmulo da sua improdutividade e ali repousou por tempos e tempos, sem encontrar refúgio, nem consolo, nem as preciosas ideias que esperava registrar. Sorte a dele de haver no fundo do seu coração a incrível e mais absoluta convicção de que as coisas voltariam a fluir. Afinal de contas, o seu jardim interior tivera sido sempre cultivado e nutrido com os melhores sentimentos, o adubo ideal para fazer florescer novamente a sua primavera artística. Sabe-se que hoje Fellini obteve o maior sucesso de todas as fases do cinema italiano produzindo um épico filme com nome numérico, o qual não me cabe citar para que este texto não venha a se tornar resenha ou merchandising. A recompensa pode até ter tardado, mas chegou às suas mãos.

Este relato deve fazer refletir sobre a nossa necessidade de manter na mente o teor de persistência sempre alto e bem nutrido, já que sabemos que as adversidades do universo tendem a nos derrubar dezenas de vezes por dia, mostrando-se fortes e imponentes. Honradas são as pessoas como Fellini, com pulso firme e aspecto rochoso, que tudo podem suportar e reverter a seu favor. Mas abençoadas são aquelas que têm amigos e esses são verdadeiros alicerces de sustentação, engrandecedores e generosos, preparados para vencer batalhas em conjunto. Um grande exemplo que cito, em especial, é a minha amiga e confidente Fanny Esteves.

Fellini e Fanny, por estarem dividindo o mesmo texto, certamente têm algo em comum, a começar pela arte. Me dá imenso prazer assistir às produções do diretor, mas igualmente agradável é sentir minha amiga, tão talentosa, cantar e me alegrar de imediato. A sua música flui e ecoa por dentro do meu coração, traz conforto, acalento e sossego. Que bom que chegou na hora em que eu mais precisava! Alguns longos minutos de ligação representaram para mim, naquela ocasião, um tempo que tirei para estar na presença do Deus Pai. Você, Fanny, foi uma porta-voz do Senhor para me reanimar os ânimos e os estímulos. Veio, trouxe verdade e esperança, mesmo quando tudo parecia rotineiro e chato demais para mim. E confesso que depois de saber do seu tédio, me confortei por não ser o único a passar por isso, haha...

Me propus, após certo tempo de conversa no telefone, a te fazer uma homenagem com desafio matemático. Planejei desde o início algo simples e fácil de se entender, mas as coisas saíram um pouco do controle. É de se esperar que a este ponto da leitura você já tenha deixado o olhar cair por desatenção, se questionado sobre a relação que tudo isso tem com a sua personalidade. O seu automatismo e espontaneidade te fariam dizer, se aqui estivesse presente: "Poxa, você não disse que me faria uma surpresa? Anda logo com isso, gato!" Mal sabe que cada palavra, ao meu ver, é incontestavelmente indispensável. Na verdade, cada segundo é único, cada pessoa é insubstituível e cada batata retirada de um pacote é, deveras, diferente de todas as outras que não foram escolhidas, rsrs. Esses e outros tantos ensinamentos que recebi de você, por que não compartilhar? Por que não tocar nessas questões tão frágeis e corriqueiras, mas que dão sabor aos textos, à vida e ao paladar de uns e não de outros? Incessantes risos por ora.

Na sua criação, acredito que a mensagem deve ser completa e viver todo o seu ciclo com liberdade. É como uma semente de abóbora jogada na terra e envolvida pelos braços da natureza. Um broto se faz lá e uma frase fica pronta aqui. Um pequeno fruto cresce no broto e isso é tão vitorioso quanto a conclusão de um parágrafo deste texto. Nada se pode apressar, pois há um caminho a ser percorrido. Se o fruto de uma colheita chegou aos nossos pratos e nos fez deliciar, a essência de uma homenagem deve também alcançar os corações de quem está sendo alimentado por ela.

As coisas se relacionam inexplicavelmente, não é mesmo? Muito do que vivemos hoje remete a um passado próximo que tivemos aqui, em Conselheiro Lafaiete. Fizemos um passeio de moto e nos sentamos numa graminha para conversar sobre coisas que nos afligiam no momento, com atenção às suas. Estávamos cansados mentalmente e aparentemente incapacitados de dar conselhos bons. Ainda assim fizemos o que pudemos. Acho que me enrolei nas palavras, porém, algo se pode aproveitar delas. Aproveitamos a ocasião para comer batatas e salgadinhos, o que posteriormente, na hora da nossa ligação, usamos como metáfora para representar as coisas da vida e as particularidades de cada ser.

Hoje, infelizmente, já não se pode realizar isso a qualquer domingo, um com a companhia do outro. A distância se fez novamente um “termômetro” abstrato que irá avaliar o calor das amizades, mesmo quando mantidas a distância. O amor presente nas relações deve ser alimentado com frutos de boas sementes. Isso tudo não é filosofia, não é poesia nem filme de Fellini. Isso é o transbordo de emoção de um rapazinho carinhoso e sensível. Acontece que ele se deu conta agora que a semente “Fanny” virou muda e se mudou. Vai evoluir e lançar seus frutos em outras terras, na esperança de fazer brotar o que Deus espera dela. Vai trilhar os seus caminhos perto ou longe de mim, mas com a certeza de que será em minha companhia.

O mundo te deseja sucesso, conquistas e todas as outras felicitações que já viraram senso comum. Eu desejo leveza e graciosidade, belos sorrisos com belos motivos, mais canções de afeto, de louvor e outras de libertinagem. Quero que você se encha de energia a cada manhã e se recarregue durante o dia. Te dou forças para alimentar sua vontade de estudar e se apaixonar por isso a cada dia. Ao longo dos anos, os profissionais que nós, jovens, guardamos por dentro começam a gritar e pedir para sair e atuar. Não podemos privá-los desse direito, da oportunidade de fazer o bem e ajudar tantos quantos puderem.

Visto que esse texto está sendo milimetricamente calculado, não vou me estender tanto quanto gostaria. Me limito a escrever outras dezenas de parágrafos falando dessa pessoa intensa que é você nas vidas dos que te cercam. Outros amigos e amigas podem ficar enciumados, mas o privilégio agora é seu! Para eles, preparo outras coisas em outros gêneros. Dou a eles outras vivências e digo frases de aconchego cara a cara, com mesmo valor semântico e expressivo deste texto que agora escrevo. Há uma imensidão de coisas que posso fazer no meu cotidiano para alegrar os que me cercam, assim como você também tem as mesmas possibilidades. Reserve um tempo com Deus e peça a Ele para te capacitar a ser alguém cada vez mais amável e radiante, que espalha por aí o brilho de Jesus. O prazo já não é tão longo e não precisamos nem podemos economizar amor. Semeie incessantemente as palavras de esperança e fé que outrora você semeou no meu coração. Não sou egoísta: compartilho você, DIAMANTE, com quem precisar ser mais feliz HOJE!

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Idealizado depois de eu receber uma ligação da Dirfanny com duração de 1 hora, 35 minutos e 36 segundos, o que correspondem a 5.736 segundos de emoção. Matematicamente calculado, este texto com o título somam 5.736 caracteres de pura inspiração.

Iniciado em 26 de janeiro de 2017 e finalizado em 05 de fevereiro do mesmo ano.

Renadson Augusto
Enviado por Renadson Augusto em 05/02/2017
Reeditado em 05/02/2017
Código do texto: T5903539
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