APELOGIA

A noite chega, o dia foge.

A Cidade dorme e acorda,

Reclama, sem consolo.

Os gentios fogem,

Do dever de cuidar,

Manter viva na memória,

Cuidar da fonte.

Mesmo que de pé em toda aurora,

Não escutam o clamor.

E fogem.

Cantarolam horas,

Comem, bebem e jogam conversa fora!

Vão cedo ao mercado central.

Atravessam os dormentes da Galiana.

Sobem o Morro do Alecrim.

Avistam a cidade,

E ficam mudos, e descem.

Perneiam até o coração dela,

Mas não escutam a taquicardia.

Ela agoniza, faz uma apelogia:

Minha cultura é rica,

Minha gente é bonita,

Sejam meus balaios,

Leiam meu dicionário,

Traduzam minha linguagem,

Aos gentios bem direitinho.

Eu me chamo Caxias!

Mantenha-me viva pelos séculos futuros!

Amém.

Walter Berg.

WALTER BERG
Enviado por WALTER BERG em 22/01/2017
Reeditado em 21/10/2019
Código do texto: T5889939
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