APELOGIA
A noite chega, o dia foge.
A Cidade dorme e acorda,
Reclama, sem consolo.
Os gentios fogem,
Do dever de cuidar,
Manter viva na memória,
Cuidar da fonte.
Mesmo que de pé em toda aurora,
Não escutam o clamor.
E fogem.
Cantarolam horas,
Comem, bebem e jogam conversa fora!
Vão cedo ao mercado central.
Atravessam os dormentes da Galiana.
Sobem o Morro do Alecrim.
Avistam a cidade,
E ficam mudos, e descem.
Perneiam até o coração dela,
Mas não escutam a taquicardia.
Ela agoniza, faz uma apelogia:
Minha cultura é rica,
Minha gente é bonita,
Sejam meus balaios,
Leiam meu dicionário,
Traduzam minha linguagem,
Aos gentios bem direitinho.
Eu me chamo Caxias!
Mantenha-me viva pelos séculos futuros!
Amém.
Walter Berg.