Ana Jácomo !
Era um momento de enorme transformação em minha vida, quando muito por acaso a descobri (acasos não existem). Encontrei um cantinho diferente que só o nome me fazia delirar, filosofar : Cheiro que flor quando rí. Familiaridade com a forma de sentir, de expor, ainda que não tivesse e provavelmente nunca virei a ter o talento poético e pulsante que ela possui.
O primeiro texto me presenteou com algo grandioso, minha avó é igualmente singular e especial em minha vida, mas jamais conseguiria alcançar a descrição perfeita de Ana :
"Costumo dizer que algumas almas são perfumadas,
porque acredito que os sentimentos também
têm cheiro e tocam todas as coisas com os
seus dedos de energia.
Minha avó era alguém assim.
Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores.
A minha, foi uma delas.
E o perfume era tão gostoso, tão branco,
tão delicado, que ela mudou de frasco,
mas ele continua vivo no coração de
tudo o que ela amou.
E tudo o que eu amar vai encontrar,
de alguma forma, os vestígios desse perfume
de Deus, que, numa temporada, se vestiu
de Edith, para me falar de amor. "
(até hoje me impressiono).
Dado momento trocamos alguns e-mails, e ela me incentivou a divulgar meus modestos escritos, que invariavelmente viravam conteúdo de lixeiras. Foram anos para que surgisse esta motivação, um dia veio, mas já não encontrei Ana Jácomo, para lhe contar. Fico com a imagem que construí a partir de seus textos: a mulher sentada na Lagoa, a alma perfumada de tonalidades suaves e harmoniosas.
Talvez toda estrela tenha seu tempo certo de brilhar. Não sei. Mas há quem não esqueça nunca o brilho que um dia lhe fascinou.
Saudades Ana ! Gratidão ! !