CATADORES E CARRINHEIROS:
Rua de Curitiba região nobre, enquanto estava vindo embora do meu trabalho vi um cachorro todo saltitante e feliz...
Ele corria de um lado a outro, era como se estivesse indo a algum lugar e precisava chegar logo. Mas voltava a procura de alguém que caminhava a passos lentos.
Isso chamou a atenção dos transeuntes assim como das pessoas que estavam nas varandas dos charmosos cafés e das elegantes butiques.
Estávamos no horário de verão, coincidentemente a estação era verão. Mês de novembro. O sol mostrava sua cara, refletiam nas vidraças dos imponentes e lindos edifícios. Tornara moda, revestir os edifícios com materiais espelhados isso traz um charme a mais para o bairro nobre.
Podíamos ouvir o cantar de canários da terra e alguns outros pássaros, que chegavam aos bandos, vinham de outras praças procurando sei lá o que! Talvez seus dormitórios.
La vem o cão de cor em tons de vermelho, parecia camurça. E eis que vinha chegando os seus parceiros e amigos. Um homem que aparentava ter seus quarenta e cinco anos. Estatura de um metro e setenta, cabelo preto já um pouco ralo na frente que mostrava sua testa larga, nariz largo, as sobrancelhas se encontrava uma a outra como se fossem as asas de uma andorinha.
O homem é um catador de papel, por que catador de papel? Pois estava puxando seu velho carrinho todo cheio de quinquilharia.
Do lado direito um menino que segura no varão do carrinho, quando o cachorro chegava perto ele segura nas orelhas do cão e saiam caminhando junto na mesma toada, os passos do cão e do menino trabalham numa sintonia bem uniforme, é como as engrenagens de uma maquina industrial ou o tick tack de um relógio marcando os segundos.
É um garoto esperto e bem falante, aparenta ter 11 anos de idade, e com sua camisa listrada.
Ambos estão felizes por estar indo embora para sua casa. O garoto se divertia, estavam felizes juntos. Pois para eles o pouco era o bastante, para o cão vermelho ia correndo atrás do graveto atirado por seu dono, e causar toda aquela felicidade rara hoje em dia! O cão recebia caricias e afago quando voltava trazendo o graveto para o jovenzinho era uma intimidade compartilhada.
No momento em que eles passaram bem perto, foi que percebido por muitos que o menino tinha deficiente visual. Mas junto e numa enorme felicidade com seu amigo nem lembrava que tinha tal deficiência.
Seguiram os três naquela linda tarde deixando apenas o raio do sol refletido numa peça de metal que estava presa no velho carrinho. Duas pessoas, três vidas e dois mundos que se cruzam no mesmo caminho.