PARA A MULHER QUE EU MAIS AMEI: ZEZÉ

Hoje, exatamente hoje faz 31 anos em que pela primeira vez eu me casei apaixonado.

No entanto o tempo passou e hoje estamos distantes. Eu não sei em que momento nos perdemos um do outro. Já não resta dentro de mim o amor paixão, a admiração que eu tinha por você. Ainda bem que restou uma grande amizade. Eu sempre que possível tento ajudar você e a filha que juntos tivemos.

Não acompanho mais tua vida. Não sei por onde você anda, com quem anda, ou o que faz, mas isto é coisa que já não me interessa mais. Algumas vezes tenho a impressão que moramos em mundos diferentes. Eu gostaria de ter continuado ao teu lado até ficarmos velhinhos, pois apesar de termos encontrado novos amores, ainda estamos sós, e a solidão é algo difícil de ser administrado.

Eu sempre tive um grande amor por pessoas. Estimo-as muito mais do que a bichos, porém as pessoas são complicadas: elas tecem tramas, fazem intrigas, podem falar, mas nada fazem para esclarecer as situações. Como consequência nos apegamos a bichos pela irracionalidade deles e porque parecem ser mais fiéis do que gente.

Então o tempo passa e as pessoas se distanciam e aprendem com os bichos a se tornarem desconfiadas. Sempre me entreguei em meus relacionamentos e nunca acreditaram no meu intenso e verdadeiro amor. Agora não lamento mais, continuo me entregando e amando intensamente, mas a vida me fez estar só.

Sinto-me hoje um pássaro desgarrado. Um elefante que se afastou da manada. Não sei mais o que a vida me reserva e não espero mais nada dela para ser feliz. Sou feliz com o que tenho, que é pouco, mas o suficiente para me tornar uma pessoa melhor, num mundo onde as pessoas não estão muito preocupadas em SER. A preocupação geral é TER sempre mais, principalmente quando este mais está relacionado a dinheiro.

Eu queria te agradecer por ter entrado em minha vida com uma saia rosada e pernas bronzeadas. Aquilo foi uma visão que até hoje me encanta, porém parece que foi em outra vida que aconteceu tamanha a distância: janeiro de l980, foi neste ano que eu te vi pela primeira vez – quase uma menina, eu quase um homem. Nos encontramos há 36 anos, para mais tarde em 1985 finalmente casarmos. Juro que na época eu pensei ser o amor eterno.

Obrigado por ter existido em minha vida e por ter me dado uma filha, a quem amo muito. Obrigado por ter me tornado homem. Obrigado por ter me ajudado a ser quem eu sou hoje. Obrigado por ser minha amiga (não tão amiga, nem confiar tanto em mim, mas uma amizade que satisfaz).

Amo você como ser humano. Não mais com paixão, mas com um amor de gente pra gente. Desejo que seja feliz.

Com carinho

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27.09.16

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 27/09/2016
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