Remembering Jonba
Há coisa de ano, ano e pouco, deixava nosso convívio o Jonba. Mas em termos de eternidade, por mais longevos que formos, tudo não passa dum até breve. Até que a brisa, que é leve, ao cabo, também nos leve.
Jonba, que era um Batista de água e fogo, chegou e que chegou a profetizar sem mesoclizar, era da fala direta - e dileta. Cá deixou só amigos. E uma saudade danada.
Homem de oito instrumentos, deixou testemunho eloquente de sua passagem em tudo o que mexeu e remexeu. Artes plásticas em variadas formas, composições poéticas e musicais, a advocacia, o humor e quantas outras manifestações de um coração nobre.
E de tudo o que fez, sempre com a devoção à vida familiar em primeiro plano, deixou registro e testemunhos memoráveis. Ruim nele - alguma coisa tinha que se achar - foi a inapetência provada por prova e convicção para a prática do esporte bretão. Costumava ser reserva de pelada.
Em seu tempo inicial de BH, que com o meu coincidiu - finzinho da década de 60 e comecinho da de 70, trabalhou como laboratorista no bairro de Lourdes e, mais significativamente, foi paciente ouvidor de minhas dores de cotovelo.
Um dia contou-me um causo verídico que não sei se terá sido narrado em sua série "Beira de Balcão", que publicou por longos anos em jornais de nossa Velha Serrana:
Achava-se numa manhã de sábado trabalhando na Santa Casa de Misericórdia quando chegaram para visitá-lo duas belas moças dalguma fazenda das cercanias pitanguienses.
Prosa animada, calorosa e descontraída, até que numa das visitantes
veio o chamado inadiável da natureza. João explicou-lhe como chegar ao banheiro e, de olho na pipeta, e outro na restante ninfeta, continuou trocando idéias e aspirações. Passado o tempo e nada da amiga aparecer, pressurosos, foram ao seu encontro.
E o encontro não houve. Acharam tão-somente indícios - fortes, naturalmente - da passagem da radiosa donzela. E justamente no bidet, aparato que ela não conhecia e onde, infelizmente, descarga não havia.