HOMENAGEM
Frei António das Chagas, nascido na Vidigueira, Portugal, em 1631, cujo nome de batismo era António da Fonseca Soares, foi militar na Guerra da Restauração, alcançando o posto de capitão e durante sua vida na caserna sempre esteve às voltas com casos amorosos, um dos quais levou-o a fugir para o Brasil, passando 3 anos na Bahia.
A leitura de um texto do Frei Luis de Granada abriu-lhe o caminho de Deus e a partir daí deixou a vida militar, ingressou na Ordem de São Francisco e dedicou-se inteiramente a pregar a fé .
É de sua autoria o poema que publicamos em sua homenagem, não só pela perfeita técnica como também pelo fato de que, valendo-se de uma brincadeira com as palavras “tempo e conta”, passa um excelente lição de vida.
CONTA E TEMPO
Deus pede estrita conta do meu tempo,
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta,
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.
Oh, vós, que não tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
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