AO PROFETA
Eu deveria ter uns doze ou treze anos quando meu pai comprou a então versão em vinil em compacto daquela música chamada Avohai. O outro lado do disquinho era Vila do Sossego. Meus pais adoravam as músicas, e perdi a conta das vezes em que a colocavam para tocar durante uma semana. Eu ficava ouvindo aquele som diferente e aquela letra estranha, mas hipnóticos, mesmo para a pouca idade que contava então naquela época.
O cantor daquelas músicas volta e meia aparecia nos programas da televisão existentes naqueles idos, e lembro vagamente que ficávamos assistindo entre encantados e embasbacados. Era um cantor e compositor paraibano muito estranho, pelo menos para os padrões vigentes na mentalidade do povo brasileiro de então. Uma figura muito exótica na sua apresentação - algo semelhante a um hippie remanescente dos idos de sessenta. Ou seria setenta?
Não sei. Mas a voz, contudo, era de uma beleza sem paralelo. A música, então, sem qualificação. Diferente de tudo que já conhecíamos até aquela data. Poesia pura - hoje bem o sei! Melodia transcendental. Ouvíamos e víamos alguma coisa que soava como se vinda de outro mundo; e por isso mesmo fascinava. E foi por isso que fui hipnotizada pela arte daquele Profeta, definitivamente.
Com o passar dos anos fomos vivendo e acompanhando volta e meia as novidades musicais do Zé Ramalho, que em muitas vezes era denominado com o codinome de Profeta da Paraíba, dado o teor místico e surreal das suas composições. E por causa daquela primeira Avohai nunca mais pude me desprender da obra musical sem paralelo, no nosso país, daquele tal Profeta.
E com o passar dos anos pude também visitar a terra de origem deste Profeta - como aliás acabo de fazer com a família, pela terceira vez! E pude compreender melhor de onde vinha a inspiração daquela música do outro mundo. Pude imergir no espírito da canção Beira-Mar, onde ele diz, em duas versões, que entende "(...)a noite como um oceano/ que banha de sombras um mundo de sol/ aurora que luta por um arrebol/ de cores vibrantes e ar soberano(...)". Pude compreender que nasceu da magia daquela natureza paradisíaca o fôlego de versos como "(...)pode ser que ninguém me compreenda/quando digo que sou visionário(...)mas a mente talvez não me atenda/se eu quiser novamente retornar/para um mundo de leis me obrigar/a lutar pelo erro do engano/ eu prefiro um galope soberano/ a loucura do mundo me entregar"
Ainda bem que Zé Ramalho não se entregou à loucura do mundo - assim como a prodigiosa natureza paradisíaca da Paraíba. Ainda bem que o mar, por lá - limpo, morno, manso, cristalino, e hipnótico, com os seu coqueirais a perder de vista e a sua areia branca; a tranqüilidade imanente naquelas praias sem fim; o calor humano do povo de João Pessoa, indicativo da religiosidade inerente ao próprio lugar - insistem - ainda! - em se manter os mesmos!
De uma terra como aquela só poderiam brotar profetas! Profetas da beleza ímpar da melodia e da palavra, da poesia profunda e transcendente. Artistas transmissores do autêntico espírito da paz tão escasso nos nossos dias, e do qual anda a humanidade tão sedenta, em meio a desastres, desespero, e caos aéreos sem explicação plausível; em meio ao stress crônico e desassossegado peculiar ao ultra povoamento das cidades do sul!
Eu demorei a prestar esta homenagem, talvez que também gerada e vinda à luz como uma flor! Como aquele belo girassol à beira-mar na praia de Cabo Branco, ornando como jóia rara o panorama divino de João Pessoa, que nos presenteia o espírito e os olhos cansados com inigualável reconforto originado nas fontes celestiais!
Obrigada a este pequeno e insuspeitado pedaço dos céus baixado à Terra, e às terras brasileiras, por esta oferta de luz impagável ao nossos seres! Obrigada por nos presentear com o perfume dos ares puros, com o idílio visual das suas paisagens verdes e inigualáveis, com o calor humano do seu povo!
E obrigada por ter nascido, da tranqüilidade destas paragens de vastos e mansos mares verdes, de águas tépidas, para nós - e para o supremo encanto do nosso espírito! - o soberano Zé Ramalho, com a maravilha da sua obra poética e musical!
Obrigada ao nosso Profeta da Paraíba!
Com amor,
Eu deveria ter uns doze ou treze anos quando meu pai comprou a então versão em vinil em compacto daquela música chamada Avohai. O outro lado do disquinho era Vila do Sossego. Meus pais adoravam as músicas, e perdi a conta das vezes em que a colocavam para tocar durante uma semana. Eu ficava ouvindo aquele som diferente e aquela letra estranha, mas hipnóticos, mesmo para a pouca idade que contava então naquela época.
O cantor daquelas músicas volta e meia aparecia nos programas da televisão existentes naqueles idos, e lembro vagamente que ficávamos assistindo entre encantados e embasbacados. Era um cantor e compositor paraibano muito estranho, pelo menos para os padrões vigentes na mentalidade do povo brasileiro de então. Uma figura muito exótica na sua apresentação - algo semelhante a um hippie remanescente dos idos de sessenta. Ou seria setenta?
Não sei. Mas a voz, contudo, era de uma beleza sem paralelo. A música, então, sem qualificação. Diferente de tudo que já conhecíamos até aquela data. Poesia pura - hoje bem o sei! Melodia transcendental. Ouvíamos e víamos alguma coisa que soava como se vinda de outro mundo; e por isso mesmo fascinava. E foi por isso que fui hipnotizada pela arte daquele Profeta, definitivamente.
Com o passar dos anos fomos vivendo e acompanhando volta e meia as novidades musicais do Zé Ramalho, que em muitas vezes era denominado com o codinome de Profeta da Paraíba, dado o teor místico e surreal das suas composições. E por causa daquela primeira Avohai nunca mais pude me desprender da obra musical sem paralelo, no nosso país, daquele tal Profeta.
E com o passar dos anos pude também visitar a terra de origem deste Profeta - como aliás acabo de fazer com a família, pela terceira vez! E pude compreender melhor de onde vinha a inspiração daquela música do outro mundo. Pude imergir no espírito da canção Beira-Mar, onde ele diz, em duas versões, que entende "(...)a noite como um oceano/ que banha de sombras um mundo de sol/ aurora que luta por um arrebol/ de cores vibrantes e ar soberano(...)". Pude compreender que nasceu da magia daquela natureza paradisíaca o fôlego de versos como "(...)pode ser que ninguém me compreenda/quando digo que sou visionário(...)mas a mente talvez não me atenda/se eu quiser novamente retornar/para um mundo de leis me obrigar/a lutar pelo erro do engano/ eu prefiro um galope soberano/ a loucura do mundo me entregar"
Ainda bem que Zé Ramalho não se entregou à loucura do mundo - assim como a prodigiosa natureza paradisíaca da Paraíba. Ainda bem que o mar, por lá - limpo, morno, manso, cristalino, e hipnótico, com os seu coqueirais a perder de vista e a sua areia branca; a tranqüilidade imanente naquelas praias sem fim; o calor humano do povo de João Pessoa, indicativo da religiosidade inerente ao próprio lugar - insistem - ainda! - em se manter os mesmos!
De uma terra como aquela só poderiam brotar profetas! Profetas da beleza ímpar da melodia e da palavra, da poesia profunda e transcendente. Artistas transmissores do autêntico espírito da paz tão escasso nos nossos dias, e do qual anda a humanidade tão sedenta, em meio a desastres, desespero, e caos aéreos sem explicação plausível; em meio ao stress crônico e desassossegado peculiar ao ultra povoamento das cidades do sul!
Eu demorei a prestar esta homenagem, talvez que também gerada e vinda à luz como uma flor! Como aquele belo girassol à beira-mar na praia de Cabo Branco, ornando como jóia rara o panorama divino de João Pessoa, que nos presenteia o espírito e os olhos cansados com inigualável reconforto originado nas fontes celestiais!
Obrigada a este pequeno e insuspeitado pedaço dos céus baixado à Terra, e às terras brasileiras, por esta oferta de luz impagável ao nossos seres! Obrigada por nos presentear com o perfume dos ares puros, com o idílio visual das suas paisagens verdes e inigualáveis, com o calor humano do seu povo!
E obrigada por ter nascido, da tranqüilidade destas paragens de vastos e mansos mares verdes, de águas tépidas, para nós - e para o supremo encanto do nosso espírito! - o soberano Zé Ramalho, com a maravilha da sua obra poética e musical!
Obrigada ao nosso Profeta da Paraíba!
Com amor,