Waldir Amaral, Cirurgião Dentista
A plaquinha esmaltada está lá no casarão colonial da vetusta e venerada Rua Padre Belchior. Fundo branco, letras azuis, evoca décadas de uma vida que ao longo de três quartos de século, andou de boca em boca. Era Waldir Soares do Amaral, Cirurgião Dentista, diplomado em Alfenas, que nos deixou hoje pela eternidade.
Decano dos dentistas pitanguienses, Waldir construiu uma sólida reputação que foi muito além das arcadas dentárias e de seu consultório original. Foi em sua cadeira Atlante que levei minha primeira agulhada anestésica ainda em tenra adolescência. Provindo do meio operário, as visitas anteriores ao consultório dentário da Companhia não haviam passado de mero tratamento paliativo, à base de algodão molhado uma substância anti-inflamatória.
E voltei ao Waldir por mais vezes nos anos que se seguiram, sem medo das agulhas. Anos depois, numa clínica dentária em BH, orgulhou-me receber os cumprimentos de um profissional local pela "excelente qualidade" do tratamento que havia recebido do Dr Amaral.
Além de virtuoso com as mãos, o Waldir, em anos pretéritos fizera sucesso também com os pés, no então ainda empoeirado campo do Clube Atlético Pitanguiense. O CAP, onde atuara por anos a fio, com vigor e eficiência na retaguarda do alvi-rubro do Lavrado.
Papai, seu contemporâneo, elogiava sua aplicação sem firulas, com um estilo que fez escola, entre cujos mais destacados discípulos se encontraram um Isaías, um Queirós, e até um Bécaud, ainda militante, que batem com galhardia abaixo da linha do queixo do adversário.
Bola pra frente, Waldir.