O Lavrador
Sua vida foi marcada.
Eu li as cartas que recebia.
Era um jogo de vida e morte,
Onde o lavrador forte,
Quase sempre perdia.
Saía de madrugada,
Sob o luar do meu Sertão.
Sobre as costas, uma enxada,
Sob o teto, a filharada,
Que clamava a falta de pão.
Quando no solo seco plantava,
Prevendo que a chuva cairia,
Era o Sol forte que brilhava,
E a semente da fé não nascia.
Mas o lavrador era forte,
Daqueles que não desistia,
E plantava a semente da sorte,
No dia de Santa Luzia.
Era devoto de São Pedro,
Que muita chuva prometia,
E também de Santa Bárbara,
Que dos raios protegia.
Mas quando o bicho pegava,
Deixando panela e barriga vazia,
Rogava por todos os santos,
Até por santo que não existia!
Com muita sorte e fé,
O seu roçado crescia,
Lá no alto, o café,
Suas flores exibiam...
Era dia de domingo,
E comíamos macarrão,
Quando a forte tempestade,
Acabou com a plantação,...
E agora, o que faço
Perguntou ele a Maria,
Ela lhe deu um abraço:
Vá,..., vamos ser bóia-fria!