O Maromba
E no exato dia em que o Brasil cobriu-se de luto pela derrota contra a inquebrantável equipe do Uruguai, na final da Copa do Mundo de Futebol, nasceu o José Antônio, o Maromba, cujas amizades mal cabem num Maracanã daqueles tempos. Só que seis anos depois.
Mas valeu esperar por essa ocasião. Aos dois, o pimpão de Zé Nunes e de Dona Nair já estava se regalando com a vingança dos deuses do futebol que, na Suécia, anteciparam a maioridade do maior dos astros, o Pelé.
E antes de cair nos braços nos braços e abraços da família, e dos amigos, o primogênito dos Nunes e meu ex-vizinho de fundos e quintaleiros mundos - ele com a casa voltada pro Largo da Cruz, e eu para o Beco-sem-Saída - teve a delicadeza de cumprir uma promessa: passou na minha casa paterna e me presenteou com umas canequinhas esmaltadas, verdinhas, bem embrulhadinhas, numa referência e reverência a um passado que tivemos em comum, de nossas infâncias, e que deixei registrado numa evocação de memória infantil, se não me falha a memória, sob o título, As canicrinha verde.
E uma delas, de quase seis décadas de convivência conosco ainda resiste, brava e estoicamente. Já sem asa, e sem perspectivas de novos voos, virou objeto pro-memória de mamãe, aspirando a vaga no próprio oratória. Uma santinha, essa canicrinha...
E após tomar não mais que uma canecada de cerveja conosco, o Zé partiu, ao encontro de suas moças que mal sentaram para as nossa recordativa prosa. Era lorota demais, e tinha que comprar um presentinho para o pai. Será que ainda pegavam o Tisnado aberto, na hora da feijoada de sábado?