ROGER CORMAN

Em 5 de abril deste ano o produtor, diretor, roteirista e ator de cinema norte-americano Roger Corman completou 90 anos, sendo um dos cineastas mais antigos do mundo, ainda em atividade.
Corman é caso único na história do cinema. Dono de um estilo invulgar, mas extravagante, poucos críticos ou analistas da sétima arte teriam a coragem de citá-lo como gênio. Tendo recusado ser vir aos grandes estúdios, consagrou-se como o "Mestre do Cinema B". Perguntaram-lhe certa vez por que somente faz filmes B, ou seja, de baixo orçamento. A resposta de Corman foi mais ou menos essa: "Porque eu pago do meu bolso." E mesmo assim, mesmo sendo um produtor independente com orçamentos limitados, realizou verdadeiras obras-primas como "O castelo assombrado", "A máscara da morte vermelha", "Profeta", "Carnossauro", "A pequena loja dos horrores", "O homem dos olhos de raio-X" e tantas outras. Corman tem um jeito todo especial de contar histórias extraordinárias que prendem a atenção do começo ao fim.
Eu tinha 15 ou 16 anos quando fui ver um de seus filmes, sem nunca ter ouvido falar nele: "O corvo" (The raven, 1963). O que me atraiu foi basear-se em poema de Edgar Allan Poe. Saí do cinema maravilhado e, tendo lido numa revista uma reportagem sobre o filme, resolvi acompanhar a obra daquele cineasta. E perdi a conta de quantos títulos assisti (ah sim, não procurem agora películas de Corman nos cinemas, ele só lança em DVD e tv a cabo, há muito abandonou os lançamentos em salas públicas). "O corvo" era fascinante pelo colorido, cenário, ambientação, enredo, pelo sutil humor e pelas marcantes interpretações de astros do horror, mas fazendo comicidade: Vincent Price (Erasmus Craven) com seu jeito cínico, Peter Lorre (Dr. Bedlo) com seu olhar de louco, Boris Karloff (Scarabus) com sua excelente máscara de vilão. E tinha até Jack Nicholson irreconhecível de tão jovem.
Roger Corman chega aos 90 cercado pelo respeito e admiração de inúmeros fãs espalhados pelo mundo.