Os sestércios de Romulus Augustus
Não é fácil encontrá-lo na cidade que o viu nascer, crescer...e se
mudar, mesmo lá tendo deixando raízes, galhos e ramificações e frutos,
que estão sempre a evocar sua lembrança. Falo de Romulus Augustus,
varão primogênito de Zilu Ferreira, o bon-vivant par excellence da
confraria dos amigos de Pitangui.
Embora dando provas recorrentes de apego à terra, Romulus fez opção
preferencial por uma vida mais bucólica, razão que o leva com maior
frequência ao campo. O que não o impede de visitar o núcleo urbano de
nosso município para se aprovisionar, e matar as saudades dos muitos
que se deleitam com sua obsequiosa e judiciosa atenção.
E fui encontrá-lo justamente na Padaria Silva, numa manhã de segunda
feira, onde, ao lado de sua musamada Míriam, fazia questão de levar
algumas iguarias do rincão natal para a própria degustação e para
mostrar para os amigos de alhures que cá se faz mais do que pão.
Ponto de curiosidade foi quando, chegada a hora do caixa - afinal até
os imperadores pagam - vê-lo enfiar a mão ao bolso e, ao invés das
moedas de sestércios, sair com aquelas notas soltas e nuas, sem uma
carteira Nathan, por exemplo a acondicioná-las.
Observei que tampouco uso carteira, que é uma herança de meu pai, Luiz Velu que, para evitar maior volume em seus bolsos, acondicionava as notas - quiçá com maior desvelo do que Romulus e eu - em um saquinho de sal Cisne, para mostrar a transparência de seus atos.
Faltou-me apenas reiterar ao amigo, morador de Divinópolis há décadas,
de que seguimos esperançosos de sua conferência cujo tema é conhecido e em segredo mantido por toda a confraria e que por uma questão de auto-censura, eximo-me de declinar.
Afinal, membros empedernidos e duros que somos, não podemos indefinidamente esperar...Uma hora, nossas ações baixam e já no mercado não mais se encaixam...