A imprensa de salto alto
Nacib Hetti
A economia brasileira e a turbulenta conjuntura política têm exigido dos jornalistas muita dedicação de tempo e muito esforço intelectual. Nesse momento um fato se evidencia: as mulheres tomaram conta do jornalismo sério no Brasil. Miriam Leitão, Dora Kramer, Mônica Valdvogel, Eliane Cantanhêde, Renata Lo Prete, Lúcia Hippolito, Cristiana Lobo, Zileide Silva, Marta Watanabe, Sandra Annenberg, Marilia Gabriela, Natuza Nery, Maria Beltrão, Mônica Bergamo, Juliana Rosa, Mara Luquet, Vera Magalhães, Leilane Neubarth, Cristiane Pelajo, Raquel Krähenbühl, Cristiana Aragão e Joana Calmon, são apenas algumas das muitas e excelentes colunistas e comentaristas que oferecem análises inteligentes sobre os fatos importantes que mexem com o nosso dia a dia.
Com seriedade, competência e habilidade as mulheres estão ocupando o espaço dos homens no jornalismo brasileiro. Hoje as melhores colunas nos principais jornais e na televisão estão nas mãos delas, seja na política, na economia, nas artes e no entretenimento. Até no jornalismo esportivo elas já se arriscam, apesar da discriminação que revela, na verdade, o medo de se perder espaço na única área onde o jornalismo masculino ainda tem posição preponderante.
Uma característica das jornalistas é a ótica própria de observação e analise dos fatos econômicos e políticos e dos atos praticados pelos donos do poder. Elas conseguem questionar a partir do ponto de vista do leitor, sem a vestimenta ideológica que alguns jornalistas não conseguem esconder. A fina ironia e a crítica ácida são instrumentos utilizados com maestria, sem ofender a inteligência e a sensibilidade do leitor/ouvinte. Essa atitude talvez seja resultado da independência de quem tem na imprensa sua única e real atividade.
Poderiam ser citadas dezenas de outras competentes jornalistas que militam no Brasil, cujo produto não chega às nossas mãos. Infelizmente não podemos ler todos os jornais que circulam pelo país afora. Ao grupo das melhores soma-se ainda um grande número de boas profissionais nas redações e nas reportagens, à espera da grande oportunidade. Já se foi o tempo em que o jornalismo feminino se resumia na redação de modas, na criação de horóscopos e receitas de culinária. Em pouco mais de dez anos elas saíram dos seus casulos e se transformaram em estrelas com brilho próprio. São bem informadas, honestas nas suas atitudes, transmitem confiança e são efetivas formadoras de opinião.