Va pensiero...
Tomada ali naquela movimentada e no entanto tão acolhedora esquina onde se situa o Bar do Verinho - ou Bardo Verinho, que o faria plena poesia? - a cerveja parece liberar mais depressa os eflúvios etílicos.
E como se conjugam tão bem com as esperanças dos hebreus no cativeiro de Nabucodonosor, cujo canto, Giuseppe Verdi soube tão bem capturar em sua obra-magna, como aliás magnas parecem ser todas as óperas desse genial italiano, que teve a sorte de ir-se para a eternidade antes que a primeira grande guerra chegasse ao solo europeu. E foi uma comoção a sua partida, toda Itália piangendo, dolorida. Mas e se houver outra vida?
E Verinho evoca - com o porre alheio - a belezura dessa ária, Va pensiero, vai pensamento, ébrio à terra hebréia, sobrevoa campos, colinas, o Jordão, terras ancestrais...O pensamento, nem a ditadura segura. E disso, embora de nome Brilhante, parece que o coronel Ulstra não se dava conta. E dá-lhe porrada...
Ver o vero Verinho imergir na doce música de Verdi, faz a gente dar uma folga aos nossos sertanejos, MPB, sambas, funks e até mesmo o tango dos hermanos, geralmente tão denso, tão trágico, e renovar a letra da bella Itália, que nos inspira, até a quem conspira:
...Oh, mia patria, si bella e perduta (Oh pátria minha, tão bela e perdida...)