Noventa Anos de  Vida                                                      
Dedicados ao trabalho
Me ensinando como viver
Nos servindo de exemplo
Com seu belo proceder
 
Me lembro de cada momento
De quando eu era menina
Altas horas no corte e costura
Era seu trabalho, não uma sina
 
Cada tostão que ganhou
Usou com sabedoria
Os calos que fez nas mãos
Não reclamou nenhum dia
 
O coco que ela vendia
O maior era do cliente
O pequeno que sobrava
Ela dizia: Este, é pra gente.
 
Quando algum reclamava
Que a caneta não escrevia
Passava o bico na lâmpada
Com certeza ainda servia
 
O presente de Natal
Que queria, nunca achava
Debaixo daquela cama
Era o que eu necessitava
 
Pra construir nossa casa
Falo alto e em bom tom
Carreguei muita areia
Numa lata de neston
 
Dia de finados vi filas
De gente comprando flor
Levantava bem cedinho
Depois da prece ao Senhor
 
Nas festas de fim de ano
Ganhava um sapato novo
No outro ano ainda servia
Então, calce ele de novo.
 
E assim ela ia ensinando
A economizar desde cedo
Faltar o alimento na mesa
Nunca sentimos medo
 
Víamos nela a coragem
Criou seus treze rebentos
Soube tirar o pé do chão
Pra nos trazer o alimento
 
Noventa anos de vida
Coisas novas vê surgindo
Não larga da mão seu tablete
Joguinhos, vai descobrindo
 
Nos deu lição de vida
Mostrou como se deve fazer
A todo instante nos diz
Nunca é tarde pra aprender
 
Viu nascer o seu filho
Do filho, uma neta ganhou
Da neta, nasceu a bisneta
Da bisneta, mais uma germinou
 
Hoje ela comemora
A proeza de ser uma tetra
Poucas tem essa sorte
De conhecer uma tetraneta
 
Mãe, parabéns pelo seu dia
                   Pelo seu aniversário também                  
Agradecemos pelo cuidado
Que teve com nós, como ninguém.


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 08/05/2016
Reeditado em 31/08/2016
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