MOACIR SIQUIRA-CURURUEIRO (Série Ode Em Casa) ROBERTA LESSA
Hoje mais uma vez o rio escolhe o silenciar sua harmonia em luto.
Foi-se o cantador do folclore de nossa terra
Foi-se o improvisador do folclore de nossa terra
Foi-se o encantador do folclorde de nossa terra
Foi-se o falador do folclore de nossa terra
Foi-se o desafiador do folclore de nossa terra
Foi-se o mediador do folclore de nossa terra
Foi-se o amador do folclore de nossa terra
Hoje mais uma vez a viola demolha à sal suas sabedoria em luto.
O cururu esmorece e planteado fica
O cururu entontece e defasado fica
O cururu padece e desentoado fica
O cururu emudece e agoniado fica
O cururu entristece e desfalcado fica
O cururu escurece e enlutado fica
O cururu enternece e debilitado fica
Hoje mais uma vez o cururu recolhe o cantar sua alegria em luto.
Seu filho dileto torna-se luz e no céu vai improvisar
Seu filho dileto torna-se paz e no céu vai cantar
Seu filho dileto torna-se voz e no céu vai desafiar
Seu filho dileto torna-se feliz e no céu vai brilhar
Seu filho dileto torna-se matiz e no céu vai povoar
Seu filho dileto torna-se aprendiz e no céu vai orar
Seu filho dileto torna-se raiz e no céu vai ensinar
Hoje mais uma vez a cidade olha o silenciar sua cantoria em luto.
Piracicaba em comedido estranhamento sente a falta do cantador
Piracicaba em merecido comedimento sente a falta do cantador
Piracicaba em doído sentimento sente a falta do cantador
Piracicaba em sentido entristecimento sente a falta do cantador
Piracicaba em contido enternecimento sente a falta do cantador
Piracicaba em retido recolhimento sente a falta do cantador
Piracicaba em detido silenciamento sente a falta do cantador
Hoje mais uma vez o cantador encolhe o gritar sua poesia em luto.
Emudecido o folclore chora e sabe da sua perda inigualável
Entontecido o folclore chora e sabe da sua falta inestimável
Aborrecido o folclore chora e sabe da sua lida incomparável
Comedido o folclore chora e sabe da sua vida incontestável
Acometido o folclore chora e sabe da sua ausência notável
Enternecido o folclore chora e sabe da sua riqueza venerável
Aturdido o folclore chora e sabe da sua herança memorável
Hoje mais uma vez a cultura tolhe o desafiar sua arte em luto.
Segue cantador e deixa-nos sua história como legado
Segue trovador e deixa-nos sua memória como legado
Segue improvisador e deixa-nos vitória como legado
Segue desafiador e deixa-nos sua glória como legado
Segue louvador e deixa-nos sua trajetória como legado
Segue fazedor e deixa-nos sua oratória como legado
Segue encantador e deixa-nos sua falatória como legado
Hoje mais uma vez o céu acolhe o improvisar desafio em luto.
Moacir Siqueira viverá em seu belo caminhar pela cultura caipira
Moacir Siqueira permanecerá em seu belo amar pela cultura caipira
Moacir Siqueira cantará em seu belo sonhar pela cultura caipira
Moacir Siqueira desafiará em seu belo cunhar pela cultura caipira
Moacir Siqueira eternizará em seu belo cantar pela cultura caipira
Moacir Siqueira continuará em seu belo lidar pela cultura caipira
Moacir Siqueira iluminará em seu belo lutar pela cultura caipira
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NOTA DE FALECIMENTO:
Há seres que deixam sua marca na identidade local, a cidade perde mais um de nossos amados cururueiros:
Moacir Siqueira segue com sua caravana de anjos à um plano de luz e de muito cururu.
O grupo de Congada do Divino de Piracicaba sabe desse hiato cultural provocado pela ausência de Moacir Siqueira nos palcos onde ele como tantos representava tão magistralmente. Desejamos sim que todos os que são próximos à ele e o amavam sejam confortados pela Divina Luz e protegidos pelo celeste manto mariano.
A cultura caipira de Piracicaba mais uma vez é desfalcadas com essa partida repentina e jamais desejada. Segue em paz estimado amigo e companheiro de cantoria, seus pares certamente o receberão em sua nova e celeste morada.Estaremos em luto e em oração por você e pelos seus. Um necessário memorial de sua vida .
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" Nasceu em 31/08/1937 na cidade de Piracicaba - SP.
Moacir Siqueira, como é conhecido, cururueiro já se apresentou em todas as cidades da região com o show Moacir Siqueira e a Caravana da Vitória.
Em São Paulo foi convidado, diversas vezes, para participar de eventos no Palácio dos Bandeirantes, onde saudou governadores, prefeitos e outras autoridades com repentes, ramo musical que se utiliza do improviso, arrancando aplausos e elogios. Participou do Movimento dos Metalúrgicos em Brasilia, através dos seus versos e cantoria.
Em programa de televisão apresentou-se na Rede Globo, no programa "som Brasil", com Lima Duarte e Rolando Boldrim, "Viola, Minha Viola", comandada por Inezita Barroso, na antiga TV Tupi, na EPTV Campinas e na TV Bandeirantes. Participa, também, de programas da rádio Educativa FM há vários anos, sempre com sucesso ímpar. Recebeu troféu de primeiro lugar em 1971 cantando junto com os cururueiros Parafuso, Pedro Chiquito e Zico Moreira na Rádio Convenção na cidade de Itu, entregue pelo diretor e ator de cinena Anselmo Duarte.
Foi, também agraciado com Comenda na Câmara Municipal de São Paulo por seus relevantes serviços prestados à comunidade Piracicabana em 1995. (Texto: Bill Jr Jr).