E A Vida Continua
Há poucos dias um amigo me disse que o “Chasquei” havia falecido. Eu fiquei surpreso. Eu sabia que ele tinha vários problemas nas pernas, mas ele mesmo me dissera, na última vez em que nós conversamos, que tirando esses problemas ele estava razoavelmente bem.
Nesse instante em que recebi a notícia da morte de meu amigo “Chasquei”, voltei no tempo, até o ano de 1944. Era uma manhã de domingo, e iriamos jogar no “buracão”, nome pelo qual era conhecido nosso campo, na Vila Industrial, contra a equipe da Coloninha do Fermino Costa, das imediações do Curtume Fermino Costa. A coloninha era habitada pelos funcionários do Curtume. Todas as famílias que ali moravam tinham vários filhos, que levou à formação de uma equipe de futebol.
Nós éramos da Vila Barone, onde morava cerca de 20 famílias, cada uma com vários filhos. Dai formamos uma equipe de futebol. Para descrever a Vila Barone era assim: localizada na Rua Carlos de Campos, em frente ao Curtume do Cantúsio. Dentre os moradores da Vila não tinha nenhum membro da família Barone.
Então iriamos jogar no “buracão”, nas imediações da linha da Estrada de Ferro Sorocabana. Neste domingo pela manhã enfrentaríamos o Coloninha do Fermino. Todos nós e eles, numa faixa de idade que variava dos 10 aos 14 anos. O Nosso time era formado mais ou menos assim: Carlito, Toninho e Vadão Pretinho; Nim, Laércio e Noel; Gustão, Alceu, Pirilo, Carlão Consolaro e o Célio. Porém, do time do Fermino eu não me recordo de todos. Recordo-me do Ivo e do Armando Desto, do João Perneta e do José Tonholi, do Ivinho, do Valdemar e do Nelson Corujinha. Às vezes vinha o Fibrinha e o Ditinho. E não poderia faltar o Lica e o Zeca Português.
E depois de alguns anos eu e o José Rodrigues, o Zeca Português, fomos companheiros de serviço na Fábrica de Cola Campineira. Até fizemos parte de um time de futebol, e bom, da Fábrica de Cola.
Estávamos na adolescência, quando trabalhamos na referida Fabrica de Cola. Certo dia eu fui pedir ao Senhor Vacari um jogo de camisas para o nosso time. E ele trouxe de São Paulo um bonito jogo de camisas verde e vermelho, semelhante à camisa da Associação Portuguesa de Desportos.
Na Fábrica, ás vezes, não tínhamos todos os jogadores para formar a equipe e convidávamos amigos de fora da Fábrica. Nessa época jogávamos no campo do Brasil, no Parque Industrial, que depois viria a ser a Escola Vicente Rao, ou jogávamos no campo do Campinas F.C., nas imediações do matadouro municipal de Campinas.
Às vezes nosso time jogava com: Matano, Alfeu e Sebada; Toninho, Zeca Português e Laércio; Vardico, Armandinho, Ivo, Gatão e o Nelsinho Corujinha. O Edermindo, que mais tarde seria profissional e atuaria no Guarani F.C. e no Paulista F.C. de Jundiaí, e trabalhava na Fabrica de Cola, nunca jogou para nós, mesmo sendo sempre convidado.
Então, essa fase de nossas vidas passou e eu fui ser foguista na Cia Mogiana de Estradas de Ferro e o José Rodrigues foi trabalhar em outras industrias. Mas sempre jogando futebol. Sempre com um chute muito potente, que hoje faria sucesso em grandes equipes profissionais, certamente. O José era um bom amigo. Sempre que nos encontrávamos eram muitos abraços. Sempre um desejando muita sorte ao outro. Ultimamente, todas as vezes em que eu passava em frente ao seu estabelecimento (ele tinha um bar, na Rua Martelinho, no Parque) para ir ao supermercado ali perto, passava para ir cumprimenta-lo.
Então, ao saber de seu falecimento esse fato me comoveu muito.
Que Deus dê um lugar muito bom ao nosso companheiro, Zeca Português, “Chasquei”, ou simplesmente José Rodrigues.