Um diálogo de estilo

Florbela Espanca desabafa:

Sou errante no mundo

Esperando ancorar

Em um amor profundo...

Caros poetas, o que podem me falar?

Augusto dos Anjos retruca:

Ah! Vocifera a verborragia que chama de amor

Enquanto sonha, a vida não se apieda

E escarra sua dor

Desperta mulher, melhor tempo dedicaria como asceta

Fernando Pessoa tenta contemporizar:

Calma! Que segredos trazem convosco?

Mas convosco não permitais segredar?

Nele sangram lágrimas que esgrimam

Nela choram rimas que não pode suportar

Carlos Drummond timidamente brinca:

Enquanto Espanca busca seus Anjos

Augusto se defende com uma Flor

Em cada Fernando, há muitas pessoas

E em cada Pessoa, pelo menos um Carlos há

Florbela Espanca murmura encantada:

Felizmente, havia um Drummond no meio do caminho...

E ele, assim, "coralinamente", corou...

Os outros, neste momento, não mais prestavam atenção

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 05/05/2016
Reeditado em 05/05/2016
Código do texto: T5625792
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