Homenagem Dia da Mulher
À todas as almas femininas, mulheres, meninas, bruxas, devassas e santas, somos tantas!
Às tantas guerreiras Marias! Maria Águeda, negra e pobre que ousou dar seu grito de repúdio a uma sociedade escravagista e preconceituosa! À Maria da Penha, seu basta à violência derrubou muros de medo, vergonha, solidão e impotência. Sua coragem deu vida e voz a todas nós.
E no eixo imaginário,
Giram vidas e Marias,
Giram fotos rasuradas
De papier mâché e tinta!
À Nise da Silveira, que combateu o mundo esquizofrênico de sua época.
Deu vida à arte para rostos sem identidade,
Deu identidade para rostos sem vida,
Fez projetar imagens do inconsciente, em barro, papel e gente,
Derrubou conceitos enraizados,
Reatou vínculos,
Tornou-se imortal!
À Natacha, espancada e queimada. Seu pecado? Alma feminina encerrada em um corpo masculino. O abandono a levou por caminhos tortuosos, sucumbindo à miséria humana.
Na solidão me faço única,
Sem barreiras, sem fronteiras,
Nua em pelo,
Face nua,
Face a face.
À Malala, mulher-menina. Nobel de força e coragem contra a ignorância de tantos. Mesmo subjugada, acreditou que pudesse mudar a realidade de muitas.
Deu rosto e voz a luta contra séculos de preconceito e ódio,
Ousou espalhar sonhos e abrir os olhos do mundo.
Acreditou na única arma que pode mudar o homem, A Educação,
Por ela lutou, sangrou, mas não feneceu.
À todas as meninas, violadas no corpo e na alma, que perdem o riso, o viço e nem chegam a conhecer a esperança.
Jorrou em célula virgem
Tecido real, limpidez
Evaporou-se por entre chagas e plebeus.
À todas aquelas que doam seu corpo e sua alma para gerar, cuidar, educar e amar,
À alma maior, sagrado feminino que nos habita,
Ao ventre que nos gera,
À Gaia, mãe de toda terra,
Às Marias, Natachas, Nises, Malalas,
À todas as poetas, almas femininas, mulheres, meninas, bruxas, devassas e santas, que bom que somos tantas!