Essa é de Queirós
Bartolomeu Campos Queirós! Rogai por nós, esse é mesmo, atroz. E é fininho o livrinho desse moço dos Papagaios (MG), e na vizinha, mais bem maiorzinha Velha Serrana criado na companhia do avô, cuja leitura, literatura pura, tanto fogo de lembrança em mim atiçou, de dar queimadura.
Embora intitulado "Por parte de pai", pra cima do avô Joaquim Queirós é que a coisa vai. A publicação do opúsculo em questão é de 1995, completando maioridade agora, e o desaparecimento precoce do autor, que se foi embora, é que chora.
Uma narração primorosa, conflitualmente deleitosa, entremeia poesia e prosa, e porranalo(r)gia, o leitor sofre - mas goza. Tudo começa com Joaquim, em palpite feliz, ganhando na loteria e, comprada a casa, no negócio do ócio se vicia.
E tudo anotando a lápis nas paredes, desperta no netinho a mais doce e indócil das sedes: o saber dá prazer, dá pra ser. As vicissitudes da vida infantil ali nos anos cinquenta, na rua da Paciência que de tudo dá ciência, com pertinência, é pura lindEssência...
O desfilar e desfiar das personagens circunvizinhas, das mais comezinhas, é uma colcha de retalhos das mais belas historinhas. As 3 irmãs representando virtudes cristãs, as gêmeas anãs, o Zé Mosquito, a Zulma, a Maria Turum, o Milicão, padre Libério, que visita e abençoa, nada de vulgar-comum... E voltado para o quintalão, eis Bartolomeu a nos entreter e enternecer o coração, do galo caolho Jeremias à gataria de que o vovô, por pura judiaria, tanto tripudia, metendo-os num saco - temor sacro? - com pedradas e tijoladas executaria...
E de pensar que, prensado ali no meu Beco-sem-Saída, sem acesso pra empedrada rua da Paciência, dividi fundo de quintal com o autor, meu contemporâneo, sem jamais lhe ter visto o vulto, tão aliciante de culto, tudo acho um insulto, sem indulto...