PAULO MIRANDA IV

ÀS VOLTAS COM O CHATO DO QUEIROGA

A série em homenagem ao homem dos ene instrumentos, ilustrarei com a contagem de seus inúmeros talentos. Profícuo na produção, seus recordes são extensos. Publica qual furacão, trovas leves textos densos. Quase dez(8,5) vezes por dia, realidade e fantasia em versos breves e intensos.

Perto de nove mil(8.600) textos nos mais diversos estilos(40 dos 48 reconhecidos neste Recanto) demonstrando em seus contextos o esmero em construí-los, Miranda nos surpreende e todo mundo se rende quando se presta a ouví-los(150.000 leituras).

Reúno adiante as inúmeras respostas às suas boas provocações:

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Tudo começou com a série "Queiroga e a Cartomante":

Chego tarde e atrasado

Devo ser mesmo engraçado

Co'ela não rola ato falho

Sei jogo mal pra baralho

Rogado pois não me faço

De criança sou palhaço

E é nas musas que me espalho

Sou enólogo e até barista

E adoro degustações

Mas o harém facurista

Supera-me as aptidões

Melhor conter os rompantes

Seguir minha cartomante

E escapar dos beliscões

Se estamos bem é amante

Mas se se for

Leva a casa, leva o amor

Toma o "car", é car tomante

E aproveitou um arranhão

Que eu arranjara na mão

Mostrou que era o nome dela

E eu cai na esparrela

(E estou até hoje nela)

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Depois, contemplado com "A Barraca do Queiroga", perdi o sossego e ganhei muitas alegrias e gargalhadas. Aqui falamos de tudo e mais um pouco, ele dá seu espetáculo de duplo sentido e eu vou emendando, com grande dificuldade e muito prazer, os mais inusitados temas.

Ganhei primeiro uma tenda

Por obra da cartomante

Por certo não dava renda

E o turco num só rompante

Tinha o ponto e arrebatou

-É a última chance, avisou

-És mascate de ora em diante

Fui ver o peso em Belém

Fui mascate em grand bazar

Sei que delas vem desdém

Quem desdenha quer comprar

Antes maxixe qui abo

Melhor chiclete que haxixe

Freguesa prefere o nabo

Quando ofereço o maxixe

Se a vida não é garapa

Bom camelô que se preza

Acorda antes do rapa

E labuta antes da reza

Espalham de ti lorotas

Pelo vírus do uotizape

Dizem que és irmão zelotas

E lavas a jato a picape

Temer gato? Temo sim

Mentir faz nariz crescer

Mas, xô pensamento ruim

Deixa o leão escolher

Se a Dilma emagreceu

E de pedalar não cansa

Digo que o mérito nu'é meu

O segredo é a balança

Na guerra à corrupção

E em meio a tanta lambança

Uma busca e apreensão

Aliviou-me a balança

De que vale acordar cedo

Se acorda tarde o Miranda?

Freguesas me dão degredo

Sem a tua propaganda

É no barulho da feira

Que afasto a pasmaceira

Diverte-me a freguesia

Aqui encontro alegria

O nível sobe porém

Se Kathie por aqui vem

E estimula a picardia

De pepino nada entendo

No gerimum me "agaranto"

Se é lugar-comum me rendo

Mas na varginha me encanto

Armar a barraca cedo

É fácil se ind'há te(n)são

Difícil e aí dá medo

É lidar com a recessão

Permanecer sempre rijo

Depois da pressão do "millo"

Periga uma "decessão"

Prego pra Itália exportei

Foice e martelo, sei não

Tubarão pelo que sei

É esta "tárr" de inflação

Se nem mesmo o Conde Scarpa

Se esconde da tua farpa

Eu um simples barraqueiro

Vou dele querer dinheiro ?

Prefiro cortar caminho

O cara dorme c'ursinho!

Em tempos assim bicudos

Sem querer ser alarmista

A ordem é tomar Canudos

De vez da mão da petista

Agora queira ou não queira

Presidenta na banheira

Diz que é coisa de golpista

Se vou cedo ou não pra feira

Depende da macaxeira

Se está pra amadurecer

Nem espero amanhecer

Se a vejo amarelecida

Atraso um pouco a saída

Mas se acaso está em brasa

Aí nem saio de casa

Fico e vou gozar a vida

Tem casca tem raiz forte

Tem erva pra levantar

E um barraqueiro sem norte

Que leva a vida a sonhar

Mas o meu melhor remédio

E que alivia-me o tédio

É quando intento rimar

Matuto aqui no Nordeste

Sem conhecer se abestalha

Vendi o que tu me deste

E espero que Deus me valha

Como uma rama sagrada

Pra voltar pessoa amada

E espantar rasga-mortalha

Bertalha tem por aí

É coisa de gente chique

O que se vê por aqui

É espinho de xique-xique

Quem quiser ver uma anágua

Arranje uns dez litros d'Água

Na terra do sol a pique

Pra trovar não tenho hora

Inda mais se é noite insone

Ela até me enxota fora

Porque não solto o aifone

Esqueço até a quitanda

Fico a comentar Miranda

E que o resto desmorone

Freguesas com a psicose

De achar que brisas a nutrem

Meu leite é sem lactose

E a macaxeira sem glúten

Me acusas pelo horário

E por não ser dominguista

Me chamam até de usurário

Mas já quis ser comunista

Se trabalhar for pecado

Já sei serei condenado

Sou mesmo é capitalista

Pra empreender no Brasil

Nu'adianta pedir arrego

Vender fé sem entregar

Confesso que tenho medo

Empresário por aqui

Só descasca abacaxi

Perigo inda É deer Ma(i)s cedo

Entre roubo e confusão

O governo De uma figa

Fez tanto barulho e briga

Qu'enfim 'cordou o dragão

Baixo o preço e queimo tudo

E me acho até sortudo

Mas quando o assunto é anágua

Sempre dou com os burros n'água

Se eu tivesse um harém

Ia ter mulher pra dedéu

Bem pareceria o céu

Mas era inferno também

Não há bem que sempre dure

Deixa o harém pro Facuri

Quem tem barraca tá bem

Com as freguesas arredias

Resta dobrar propaganda

Vende quem mais anuncia

Quem diz é o guru Miranda

Alardeia a boa yuka

E esquece o que tanto peço

Às vezes o que me encuca

Se quer ou não meu sucesso

De fato são abobrinhas

Que me garantem o sustento

Pra ir tocando a vidinha

É nelas que encontro alento

Nos repentes com Miranda

Vou esquecendo a demanda

Deste trem em movimento

Afeito a uma boa trova

Vou sempre atrás do Miranda

Venho sempre a sua casa

Ele na minha não anda

Fazer o que? Sou teimoso

Visito sempre o tinhoso

A casa é dele, ele manda

No comentário sagaz

E nas delicias que faz

A ela não falta gás

É a própria petrobrás

Perdi a feira e a missa

Fui resgatar a balança

Encontrei a da justiça

Que é cega mas fez lambança

Propus uma troca na hora

Mandaram-me logo embora

Minha libra é uma criança

Sem parar para o recesso

E com o dólar nas alturas

Não posso falhar com elas

Que só querem mi'as verduras

Confesso minha picardia

Mas tenho as barbas de molho

Só me atrevo na poesia

Não sou ferro, sou ferrolho

Verdura tem estações

Convém buscar variedades

A vida tem seus senões

Tempo leva as veleidades

(E também as deidades)

Vamos adiante Miranda!

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 07/04/2016
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