POESIA, SEMPRE POESIA
Diz-se que o mundo está perdido…
Mais perdido quem o não encontra,
Pois não lhe vislumbra um sentido
Vendo-o como uma abjecta montra.
O mundo não se perde, não,
Mas apenas quem está no mundo,
E por não lhe encontrar razão
Julga que ele tem um mal profundo.
Quem vê o mundo desta forma,
Adormecido na contingência,
Não lhe encontra nenhuma norma
Sufocando-se p´ la demência.
Quem descura o mundo por tédio,
Talvez o pense qual doente,
Já que não lhe encontra o remédio
Porque, no fundo, não o sente.
Tem-se que tudo é passageiro
E, na doença, basta aspirina
Mas o mundo, por ser verdadeiro,
Só será vencido à bolina.
Ao ser-humano e ao ser-mundo
Para que sejam harmonia
Impõe-se um caminho jucundo
Em maré cheia de Poesia…
Tudo no mundo é enganador
E o próprio lazer é mesquinho:
Por virtual bem a suma dor
Como em bela rosa o espinho.
Poesia, ó ave-madrugada,
Meu barco à vela sem destino
Sempre perdida e encontrada
No meu sacramental divino!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA