PAULO MIRANDA III
AS TROVAS TEMÁTICAS COM OS RECANTISTAS
Na terceira parte da homenagem, vou falar da traquinagem, que ele faz com alguns colegas. Em meio a várias refregas, ele alterna muitos temas, sejam leves ou problemas, não importa ele é traquino, diverte-se qual um menino, enquanto segue trovando. Eu tento ir comentando, mas é ele que é o fino.
Na série "Cadeira de Dentista", tenho sempre a agradável companhia da poetisa Momi, que parece entender muito do tema enquanto diverte-se um bocado:
Trovas para "Cadeira de Dentista"
De mim ela extrairia
O ciso e também a fíbula
Com sua doce anestesia
Deslocaria a mandíbula
Às voltas com a odontóloga
Acompanho desde o prólogo
Enquanto ele epistologa
Ela tenta algum diálogo
Frustrada ela se oferece
Mas boticão amolece
A chance de um bom epílogo
Lá pela décima cadeira
Medo é coisa banal
Mão boba a fazer besteira
Facilita o avental
Com dor não se dá conquista
Boca a boca com a dentista
Rola um clima sensual
Quando investe em meus marfins
Entre um e outro susto
Vai firme e sem dó de mim
Prendo o choro a muito custo
Trabalha mas tagarela
Vivo um martírio com ela
Pra compensar roça o busto
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Com a poetisa Guida, Miranda vai à loucura, provoca-a há toda vida mas dela tem é paura. Eu também muito a respeito, pois ela é ás no repente, e leva muito mais jeito, que ele, eu e toda a gente.
A seguir alguns comentários para: "No Encalço da PerseGuida" e "Guída's Fashion".
Perseguição encerrada
Talvez até invertida
Perseguiste-a a temporada
Hoje te persegue a Guida
Eu que vinha atrás veloz
Esbarrei nela também
Guida trova mais que nós
Aqui não tem pra ninguém
Se é alma que andas cosendo
E a minha vive em frangalhos
Vou deixar-te pra remendo
Podes usar teus retalhos
Nesta guerra santa e franca
Com a boa verve da Guida
Que seja a bandeira branca
A merecer ser erguida
Nem Bornay nem Clodovil
A igualaram em postura
Talentosíssimo perfil
No verso e na alta costura
Não tem sultão nem mascate
Nem dono de botequim
Ela rima o disparate
Não sei se vai dar pra mim
Pra ela deixar o Mato Grosso
Deve ser algo gigante
Seu estilo é um colosso
Nu'há modismo que a suplante
Guída não há quem resista
Responde de bate pronto
É a própria repentista
Brilhante que nem te conto
Entre o alemão afetado
E a rainha do cerrado
Prefiro a nossa estilista
Que o soriano nazista
Voltando só pra dizer
Que adorei esses repentes
A mim me ajuda a viver
Enquanto encaro os batentes
Um beijo à amiga Guida
Que aproveitemos a vida
Tentando ser diferentes
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Em meio aos tantos problemas, nada melhor que uma boa conversa de botequim. O encontro no "Alkas' Bar", do bom poeta e conterrâneo Alkas, tem gerado boas doses de trovas e sorrisos:
Cioso em empreender
Abri, certa feita, um bar
Depois de muito perder
Restou-me o estoque tomar
Pra quem já dobrou o cabo
Em tempos de vaca magra
Boate azul é em casa
E doce azul é viagra
Pra que o Miranda conceba
Alkas pediu um reclame
Se for dirigir não beba
Se for ao Alkas' me chame
Indo ou vindo da barraca
Nunca mudo a trajetória
Entre uma e outra ressaca
É a parada obrigatória
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Que homem nunca fantasiou um harém? Mas Miranda foi além. Criou o "Harém do Facuri", espero que Deus me cure, ou libere algum perdão, por me imaginar sultão:
As trovas para o "Harém":
Vejo um ponto temerário
E espero que ele se toque
Na frustração de empresário
Querer consumir o estoque
Gerir o harém facurista
Não é dado a qualquer um
Pois além de onanista
Há que ser um epicurista
"Epicuri de grege porcum"
Na falta da perseguida
Ela indica outra saída
É o eunuco Frei Dimão
Vivendo seu di(le)mão
No cochilo do sultão (El Facuri)
Às voltas com a preferida
E a rima ficou cumprida
Não quer acabar mais não ... Ufa
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Mas o verdadeiro parque de diversões da página de Paulo Miranda é, sem qualquer dúvida, o "Menu Kathmandu". Na boa cozinha da poetisa é certa uma maravilhosa degustação do cardápio em duplo sentido. O prazer da comida, vem sempre acompanhado de maravilhosas gargalhadas que contagiam todo o séquito de admiradores do Miranda.
Eis os comentários :
Chego tarde e atrasado
Ao menu degustação
Nos vinte e sete passados
Peguei migalhas do chão
Mas não me faço rogado
Quando ela servir o assado
Vai ser grande a confusão
(Contando agora com Alkas,
Três de peixeira na mão! )
Fixado em Kathmandu
Esqueces o essencial
Querendo ser o guru
Sem sequer ir ao Nepal
E toda hora se empolga
De braçada em pleno Volga
Censura o lanche frugal
(O Volga por esta época deve estar congelando até a inspiração.)
Querendo ser diplomata
Ele finge não ligar
Mas o ciúme o mata
Se eu na cozinha encostar
Já me chamaram gordinho
A saveiro é pra verdura
O salão é no caminho
Do restaurante-natura
Tu a enrolas a um século
Sempre a prometer tubérculos
Mas a postura é de régulo
Eu que a carrego no férculo
Se aproxima-se o natal
Escondo dela o peru
Fica pequeno o quintal
Fujo pra Kathmandu
Ela tem todo o cuidado
Com as delícias que me nutrem
Me oferece a tapioca
Mas nega porém o glúten
Sou só um fornecedor
Que atende a sua(dela) demanda
Chef exigente em verdura
Raro ela vir na quitanda
No Bristô Kathmandu
Ela só olha pra tu
Sossega o facho ó Miranda
Um olho no espumante
O outro num tal cutelo
Vai que ela de um rompante
Queira o peru do Stelo
Desejando aos bondTrovas
Um ano assim bondMais
Que venha com boas novas
E alivie os muitos ais
Bem notei que teus queixumes
Tinham causa nos ciúmes
Não vejo nada a Temer
Deixa a leoa escolher
Ela é grande na poesia
Com seu menu contagia
Dá pra muitos atender
Na cozinha tradicional
Ela agrada os comensais
E aberta à experimental
É criativa demais
Do sódio até abro mão
Desde que fique o aroma
Até pro bem da te n são
Sem cheiro não há quem o coma (bacalhau)
Se tudo acaba em tim-tim
E o tempo é para brindar
Para incidentes por fim
Happy hour no Alkas' Bar
Mas, inda tem mais. Depois conto o resto...
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