RESPINGOS N`ALMA

 

Ah! Poesia em tudo eu te sinto
Até nas palavras sem nexo...
Nas rimas pobres, e no verso 
Que oculta toda a essência
Desta magia que transborda
Nas abstrações daquele
Que rasga todos os fardos

 

E nas incertas sendas desta vida
Os que caminham com a alma
Compelida de paz, amor e bondade
Hão sempre de encontrar-se 
Com aqueles que compartilham
De seus mesmos sonhos

Por que enquanto o poeta...
Sentir o verso pulsando 
Nas coronárias que clamam
Numa tarde em que uma menina

Brincava com suas tranças morenas
Numa casinha de tábua manchada
Onde as chuvas de inverno...
Adornavam com gotas cristalinas
O encanto de seu adorável sorriso

A poesia se faz viva e imortal!
Renascendo nas lembranças alheias,
Em sintonias indescritíveis...
Por que nem o alquimista das palavras 
Consegue explicar para o mundo
Donde nascem os poemas?!

Talvez de uma palavra não dita
Dum choro-adulto reprimido
Por que a noite sempre chega
E traz consigo os gritos da solidão

Talvez ela esteja naquela dor
Estagnada no peito...
De uma mãe apreensiva
Com o filho que se demora

A poesia também pode estar
Nos momentos íntimos dos amantes
Na candura da criança
Na chegada e despedida 
De um cais que fez morada
Nas linhas indecifráveis do tempo
Que em todos em tudo deixa 
O seu implacável vinco...

Eu ainda vislumbro a poesia
Nos risos bobos de felicidade
Numa brisa afável de outrora
No amor vetusto... Onde o carinho
Tornou-se ainda mais belo
No abraço da Vitória!
Que um dia adormeceu
Mas que inexplicavelmente
Desperta feliz... Irradiando a vida
Realimentando sonhos
No caminho de todos aqueles 
Que cultivam flores de esperança

 

Liberta-se das garras da realidade
E vai aos mais longínquos lugares
Somente para esconder-se...
E brincar de ser um menino-poeta
Que não se cansa de sonhar

 

Sonhar com a sociedade das letras,
Com naçoes sem fronteiras...
Sonhar com os sinos da Catedral
Anunciando aos corações aflitos
O festejo da paz verdadeira.


( Fábio Ribeiro – Mar/2016)