1986 “O AMOR”

Contava eu os meus 35 anos de idade,

protagonista de um amor de verdade,

o mais novo dos homens de uma numerosa família,

sim... o oitavo filho, uma realidade!

Eram Pai e Mãe, lutando com os filhos,

nos deram toda a educação...

uns mais aproveitados,

outros menos dedicados.

Meu Pai já passava dos 80,

minha Mãe um pouco menos...

com o peso da idade, o corpo não agüenta,

chegaram as doenças e com ela o tormento...

Eu o mais novo do rebanho,

com toda dedicação,

totalmente envolvido , nada estranho...

cuidava dos dois com o coração.

Ele muito mal já estava.

Com idas e vindas ao hospital,

minha mãe sempre acompanhava,

mas estava forte, uma mulher sem igual.

Foram mais de cinqüenta anos casados,

firmados com muito amor.

Por Deus foram abençoados,

uma verdadeira vida de louvor.

Ele em casa já não andava,

já frágil...com o acontecimento...

já de pai, inverteu, ele me chamava...

e eu retribuía ao tratamento.

Muitas histórias ele contava,

fora um militar sem igual...

sentado ao seu lado sempre estava,

ele sorria... se sentia o tal.

Ele pra mim sempre dizia,

quando eu for... levo Amélia comigo.

Dizia e seu olho reluzia,

e eu me fazia de desentendido.

Da última vez internado,

quando pra casa não retornara,

foi meu tempo mais transtornado,

Só pedia, faça tudo isso acabar.

Minha Mãe sempre forte e esperando,

numa luta diária seguida,

segurava-se em Deus soberano,

Pedia, pedia e pedia...

Ele por aparelhos ligado,

os médicos tentando salvar,

eu a cada dia desesperado,

meu Deus, isso tem que acabar.

Minha Mãe era tristeza e dor,

mas forte ela resistia,

mas um dia não agüentou...

e no mesmo hospital se internou.

Todos os dias eu acompanhando,

às vezes sem saber entender,

nem imaginava que estava chegando,

a hora de perecer.

Voltando do hospital desolado,

pensando nos dois acamados,

sem jantar já havia deitado.

O telefone toca...quem havia ligado?

Era uma voz do hospital,

sufocado fiquei sem falar...

foi um choque sem igual...

uma tragédia veio anunciar.

Meu Pai estava mal... eu sabia,

minha Mãe estava bem com certeza,

mas a voz ao telefone me anuncia...

foi Ela para minha tristeza.

Ainda sem saber o que fazer,

quando o telefone desligou,

Pensando uma idéia, qual ter?

Novamente o telefone tocou.

Já meio alucinado...

peguei o telefone e gritei...

já sei... já me deram o recado...

minha Mãe morreu... eu já sei.

A voz tentou me acalmar...

Então eu logo percebi,

foi um drama e a todos comoveu...

meu Pai também morreu.

Com Deus fiquei revoltado,

jamais poderia entender,

senti-me triste e abandonado,

como pode isso acontecer.

O velório foi coisa cruel...

olhando os dois lado a lado...

minha boca era gosto de fel,

era o meu mundo terminado.

Os dias foram passando,

ainda com Deus revoltado,

minhas forças já estavam terminando,

quando de repente fui despertado.

Lembrei que meu Pai me falava,

que Amélia ia levar...

está certo, é a mulher que ele tanto amava...

não fazia sentido deixar.

Hoje eu sigo lembrando,

a saudade até me faz chorar...

foi amor, foi lindo e sem engano...

que nem a morte pode separar.

Parabéns Mãe!

Parabéns Pai!

Hoje tenho a certeza de que estão em outra morada,desfrutando de um amor tão forte, que com certeza alcançará várias vidas.

Um beijo de seu Filho,

Eber Henrique

Hique
Enviado por Hique em 08/07/2007
Reeditado em 29/08/2007
Código do texto: T556714
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