PAULO MIRANDA

O escritor Paulo Miranda é um espetáculo à parte, admiro sua obra por inúmeras razões. Além do vasto conhecimento que ele demonstra, impressiona-me, em especial, sua inteligência criativa e inesgotável inspiração. O prazer em lê-lo só se compara ao de comentá-lo. Sem mais delongas, vez que, inzoneiro, ele despreza os elogios, seguem algumas das boas trovas que ele andou me inspirando:

Num dos primeiros contatos, ele ainda Brazilio, comentando "Quando a Alma Adoece":

Pense num cara que anda

Ora ele está em Belize

Descuido e ele está no Dêéfe

E sem que sequer avise

Canta a Roberta Miranda

Enquanto engulo o pêéfe

Seu texto bem divertido

Ganha um séquito numeroso

Que encanta com o tom jocoso

Do verso em duplo sentido

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Emocionado com "A Ção dos Pastéis":

Nossas Conceições passadas

Nos relembram (o) que sofremos

Emoções encarceradas

Fomos felizes, vivemos

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Falando da vida alheia em "Com Mia?":

Se é Allen que você cita

Seus filmes são maravilha

Porém fez troca esquisita

Largou a mãe pela filha

Ouviu de Farrow o protesto

Mais gente achou que era incesto

E ele lá com a novilha

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Em "A Chupariz", como na maioria, o título faz parte da trova:

Assim já é covardia

Queria estar lá todo dia

Quer me ver sempre feliz?

É quando acho Paris

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"Eu Gostei Tanto" que não resisti... E lembramos Lupicinio:

Com Rodrigues me encachaço

Invejo dele a poesia

Não nego também queria

Ter o tal nervo de aço

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"Com a Outra", falávamos da toalha:

Pior é ser acusado

Que depois de a ter usado

Largo sem qualquer cuidado

Feito um trapo abandonado

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Quando ela me viu chupar

A manga até o caroço

Notou que até o pescoço

Sou do sertão não do mar

Que é difícil pelejar

Contra o instinto primeiro

Quem do mato é beiradeiro

Segura a fibra no dente

Envelhece caliente

E chupa o viver inteiro

"Quando ela me viu chupando", não viu que era ele inspirando.

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Messalina foi abelha

Sozinha por toda a história

Se dava a quem desse à telha

Sequer guardava em memória

Petê criou o zangão

Alcunhado mensalão

São do Brasil a escória

Em "Mensalão e Messalina", uma das nossas inúmeras incursões na crítica à política nacional.

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Aproveita a promoção

Pague um e leve dois

Hora da indig nação

Não deixemos pra depois

Olhando o que cada um fez

Cunha e Dilma de uma vez

Faxina geral pois, pois

Falando mal das "Maluquices...?" em Brasília.

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Minhas cãs eram africanas

Depois ficaram platinas

Nevadas e até bacanas

Rarearam e são mais finas

Hoje sei são aquarelas

Cada vez que tinjo elas

Sou chacota pras meninas

Em "Será que finge...", a idade e o ridículo a que nos submetemos.

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Dá e passa a tal paixão

Paizão quem tem não vê graça

Pra mim não há paixão que faça

Tirá-lo do coração

"O valor de uma paixão" é coisa séria quando falamos do pai que já foi.

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Quem precisa de visão?

Se pode sentir-lhe o cheiro?

Mais vale uma louca paixão

Que um viver pasmaceiro

Sabendo-nos cegos ao sentir "Perfume de mulher".

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Um mestre exigente é tudo

Ainda que carrancudo

Antes um aprender tirano

Que um enrolar leviano

Relembrando mestres na "Lei de Newton".

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Te via em duplo sentido

Aqui te vejo mais leve

Na infância um pulo mesmo breve

Nos mostra um escritor vivido

Revivendo as emoções da "Doce Infância?"

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Dia desses tava lendo

Sobre o tema e revivi

Confesso quase morri

Rindo do meu medo horrendo

Interrompia o brinquedo

Quando a vista escurecia

Até que um belo dia

Atravessei o temor

Se ceguei foi por amor

Da musa que em prazer via

Falando, e rindo muito, das crenças juvenis: "Masturbação dá Cegueira?"

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Já te ouvi trovando em inglês

Inda ontem era alemão

Mas ouvindo essa (Nossa) Canção

Te superastes de vez

O baixinho era eu então

Batista inda nem era amado

E eu já curtia um bocado

Do novo rei tremendão

Encontrando "A Razão e o Porquê" de relembrar.

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Brazilio e Kathmandu

São uma atração à parte

Bate-bola divertido

Pura gozação e arte

O que um diz ser cupido

A outra ri em alarido

Fogo à roupa ou bacamarte

Antes de conhecer o Menu de Kathmandu, "Os furos de teu pijama" já me fizeram rir um bocado.

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Veja só como é que pode

O cliente era o parceiro

Enquanto ao pobre barbeiro

Barba, cabelo e bigode

"Fora da barbearia" e rindo muito com suas boas piadas.

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Lembraste-me Ali Babá

E o forno de pão quentinho

Acordava bem cedinho

Corria pra ali babar

"Só Felipão...?" Ou só Paulo Miranda?

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Se pagando uma bagatela

Compramos beleza terna

Fico imaginando nela

Se Adão investisse a perna

aplaudindo e emendando "A criação da mulher".

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... na Bahia caruru

... no São João Caruaru

... se é no Ceará caju

... e se chover, cururu

( Criativo igual a tú,

estou por ver...orconcur!)

Em resposta ao desafio: "O que começa por c e termina em u..."

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Peru em tempo de festa

Corre risco redobrado

Cala o bico e não protesta

Temendo ser degolado

"Almoçar ela?" Podia significar outra coisa, mas sempre resulta em diversão.

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Viagem assim não tem preço

Fiz embaixadas me creia

Vezes nem sei se mereço

Ganhar uma bola de meia

Emocionado, alternamos a graça do sorriso com a "Graça alcançada" da visita à infância.

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Tem aquela do vizinho

Que se dispôs a pintar

A casa daquele amigo

Que saiu pra trabalhar

Como vivia esquecendo

O cara voltou correndo

Pra o inusitado flagrar

- Por que que o amigo tá nu

Foi natural perguntar

- É pra não sujar a roupa

E pôs-se à escada escalar

- Então por que tudo duro

E o outro sem quase apuro

- É pra lata pendurar

Contando outra "Entre vizinhos".

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Dois tempos e câmbio royal

Andava atrás com a bagagem

Fiz no passado a viagem

Ronco e cheiro original

A infância e "Ave, maguette"

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Havendo carola quente

Há que haver frade é normal

Se ela vem ca chaça ardente

Tem que ter "e pisco pal"

acompanhando e metendo-me nas aventuras, quando "Frei Dimão exorta Nanda Araújo à confissão"

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Me achava hiperativo

Junto a ti sou um inativo

Confesso és divertido

Faz verso até com ruído

Impressionado com a advertência: "Não chupe...!"

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Uma boa analogia

É o que Dilma e companhia

Fazem ao país todo dia

"O que mais ela queria..." era esta metáfora.

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Madruguei e de repente

Já flagrei o Frei Dimão

Carregando uma penitente

De candeeiro na mão

Pensem num frade ardiloso

Usa de tudo e é jeitoso

Pra conceder salvação

Estupefato enquanto "Frei Dimão adverte a formosa Kathmandu".

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Sou homem da madrugada

E brigado com Morfeu

Já hoje escutei o frade

Somente me acometeu

Uma preguiça danada

De comentar tua frustrada

Tentativa que se deu

(Vi Agra e amanhã sou eu!)

Quando diz "Cadê você?" É porquê dormi demais.

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Meu brode

Como é que pode?

Tu não dás trégua

E és peitudo

Lembra um veneno

Que eu pequeno

Corria légua:

Bole-com-tudo

Admirado com a trova politicamente incorreta: "Tão sapatão..."

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O teu cordão tá crescido

In fiéis pra todo lado

Se era duplo o sentido

Vejo que estais apertado

Agora tens um problema

Ou muda do verso o tema

Ou recorre ao azulão

Solte logo o frei di mão

E encare teu bom dilema

Na "Bênção a Kathie".

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Enquanto a mulher for Nica

Amigo pode estar certo

Marido tem que ser Gil

Porque se ele for Gilberto

E ficar de olho A(l)berto

Vai ver o que o mundo viu

"Enquanto a Mulher for Nica" os home brinca cas palavra.

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Lembrou-me uma debutante

Que só dançava filotando

Filó era a acompanhante

E a moça sempre sobrando

"O Berto certo...?" E a Filó.

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É meio constrangedor

Diria até meio irônico

Fiar-se em meio eletrônico

Por certo faltou amor

Ou estava meio morno

E aí, é só meio corno

Falando dos outros(é claro) em: "Cornografia?"

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DEPOIS EU CONTO O RESTO... (E TEM !)

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 05/03/2016
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