SAUDADE!
 
“A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.”
(Victor Hugo)
 
Tem gente que conhecemos há muito, mas cuja lembrança se desvanece na bruma do tempo. Outras há, porém, que mesmo num curto relacionamento, deixam marcada sua lembrança , como se estivessem sempre perto de nós.
Assim foi com o mosqueteiro Gilbertô, que conseguiu em apenas 3 anos de convivência literária tornar-se íntimo, irmão, colega e grande companheiro.
Fomos, absolutamente por acaso (?), nos aproximando e, de repente, por insinuação de um outro colega do Recanto, chamados de mosqueteiros (Gil, Seminale, Ciro Fonseca e eu) grupo esse que teve a felicidade de agregar a figura feminina marcante da grande poetisa Ana Ferreira, dando o toque romântico que faltava.
Divertimo-nos tanto nesses 3 anos dos quais participei!  Fizemos o que gostávamos, produzimos muito, cristalizamos essa amizade natural, num clima de respeito ao valor de cada um, participamos de saraus... e crescemos!
Os amigos do Recanto, que tiveram a ventura de ler a obra do Gilberto Dantas, com certeza lembrarão de sua última crônica  “Escrever para não sofrer”, que tem algo de
premonitório.                         
Foram 783 obras de peso realçando, além do seu clássico bom humor, a versatilidade que caracteriza o autor.
Citei sua última crônica e, agora, falo da primeira, nos idos de2010; “Mais ou menos”,
na qual ele conclui : “E acabei respirando o espírito da minha época. Não havia meio termo, o homem não tinha valor e até sua identidade era posta em dúvida. Tanto que o filósofo espanhol Ortega y Gasset, ao ser abordado na rua por uma senhora que lhe indagara se ele era o Ortega y Gasset, o filósofo respondeu, sem pestanejar: “Mais ou menos”.
 
Entre uma obra e outra, na página do Gil,  há um jardim extremamente florido onde o meu leitor vai poder sentir o  aroma deixado por ele.
 
Cabelos brancos, fartos, mas rosto de menino travesso. Humor à toda prova, riso fácil,
alegria alardeada pelo vivos olhos e uma incrível e sincera admiração pelo trabalho dos colegas, jamais lhes negando palavras elogiosas de incentivo.  
Felizmente, tive o prazer imenso de recebê-lo, acompanhada da Miriam, sua esposa, aqui no sítio e passamos um dia de rara confraternização. Foi o primeiro e único encontro que tivemos, mas valeu pela energia daquele momento e eu lamentaria por toda a eternidade se isso não tivesse acontecido.
 
Levado por Deus no domingo do dia 21 de fevereiro, deixou um vazio trágico, um sentimento de perda que abala a gente, que entristece, que dói, que machuca demais pelo que teve de imprevisível.
Descanse em paz, amigo e irmão, que Deus o acompanhe sempre!
 
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paulo rego
Enviado por paulo rego em 23/02/2016
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