A CRIANÇA QUE EU NÃO FUI

A criança que eu não fui

não teve infância

ou teve mais tarde,

quando já não tinha muita graça.

Por isso, faço minhas artes

até hoje e que ninguem

ouse me chamar de imatura.

Se na adolescencia fui criança,

na mocidade, fui adolescente,

fui jovem na fase adulta,

e hoje sou uma adulta

quase na terceira idade,

é assim mesmo...

Vivi tudo de um jeito diferente

e nem por isso deixei de viver

cada segundo, valorizando algo

de sublime que me foi poupado:

a vida.

Teria que ser assim e assim foi.

Papai do Céu me mandou para cá

com esse roteiro, esse itinerário.

Eu, coadjuvante. Estreante.

Papel principal de um enredo

que vivi sem medo.

E porque estou aqui,

dou testemunho,

de próprio punho:

milagres existem

e um deles sou eu!

A criança que eu não fui,

não teve infância,

mas sobreviveu.