Glosa: Desassociada sociedade

Academia Virtual de Letras

Patrono: Paulo Coelho

Acadêmico: Mauricio Duarte

Cadeira: 18

Homenagem ao Patrono da AVL Antonio Aleixo

Glosa:

A Torpe Sociedade onde Nasci

I

Ao ver um garotito esfarrapado

Brincando numa rua da cidade,

Senti a nostalgia do passado,

Pensando que já fui daquela idade.

II

Que feliz eu era então e que alegria...

Que loucura a brincar, santo delírio!...

Embora fosse mártir, não sabia

Que o mundo me criava p´ra o martírio!

III

Já quando um homenzinho, é que senti

O dilema terrível que me impôs

A torpe sociedade onde nasci:

- De ser vítima humilde ou ser algoz...

IV

E agora é o acaso quem me guia.

Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,

Sou tudo: mas não sou o que seria

Se o mundo fosse bom – como não é!

V

Tuberculoso!... Mas que triste sorte!

Podia suicidar-me, mas não quero

Que o mundo diga que me desespero

E que me mato por ter medo à morte...

Antonio Aleixo

Desassociada sociedade

I

Enxerguei um garotinho maltrapilho,

brincando nas ruelas sujas e mui pobres,

da cidade nas lembranças do meu filho...

E o garotinho era eu mesmo, sim!

II

Eu brincava e me alegrava assaz...

eram tempos de uma grande inocência!...

Mas o destino seria duro, ó rapaz,

como sempre o faz, pobres inocentes...

III

Quando na minha juventude madura,

descobri que o mundo impôs a todos

uma escolha; ser vítima que não dura

ou ser algoz, desonrado, continua...

IV

Hoje, acaso me leva aonde quer,

esperança me abandonou, não tenho.

Poderia ser tudo, agora, se der,

serei só uma sombra do que nunca fui!

V

Perturbado!... Mas que triste sorte essa!

Podia suicidar-me, mas não quero não.

Desassociada sociedade; pois meça!

Que só deseja, enfim: matar ou morrer...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) e Antonio Aleixo
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 13/02/2016
Reeditado em 13/02/2016
Código do texto: T5542475
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